A Comissão Técnica (CT) de Aquicultura do Sistema FAEP/SENAR-PR iniciou oficialmente seus trabalhos, com sua primeira reunião, realizada nesta quarta-feira (14), de forma remota. Formada por piscicultores, técnicos e instrutores, o colegiado atua como uma câmara para disseminação de informações técnicas e coordena ações com o objetivo de fortalecer e desenvolver ainda mais o setor. Hoje, o Paraná é líder na produção de peixes de cultivo, com mais de 172 mil toneladas pescadas em 2020 – volume que representa 130% a mais que São Paulo, segundo colocado no ranking. O grande destaque paranaense é a tilápia, cuja produção chegou a 166 mil toneladas.
“É uma cadeia que vem crescendo muito. É importante que estejamos organizados para desenvolver a atividade. Temos que crescer e avançar em manejo e em sanidade. Isso vem com a troca de informações e com a articulação a partir dessa câmara”, disse o presidente da CT, Edmilson Zabott. “Hoje, a piscicultura emprega no Paraná mais de 1 milhão de pessoas, entre produção, transporte e plantas frigoríficas. Temos números espetaculares, que comprovam que essa cadeia é tão importante quanto a do frango, do suíno e do leite”, acrescentou.
Nessa primeira reunião, os membros da CT estabeleceram as prioridades a serem contempladas no planejamento estratégico dos trabalhos, como a articulação para destravar licenciamentos de operação dos tanques de cultivo e de outorga da água. Outro ponto-chave é a energia elétrica, considerada o principal insumo da aquicultura – que demanda equipamentos como aeradores, que precisam ficar ligados 24 horas por dia.
“Nossa atividade
tem a energia elétrica e a ração como os principais custos. Com a previsão do
fim da Tarifa Rural Noturna [programa que prevê desconto para a energia
consumida no período noturno], estive na Copel, buscando a possibilidade de
entrarmos em um outro programa da Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica].
Aí, o desconto seria da Aneel. Vamos aprofundar essas negociações”, disse
Zabott. “Mas o nosso tripé de atuação deve ser: licenciamento, energia e
sanidade”, acrescentou.
Em relação à sanidade, os piscicultores apontaram a necessidade de investimentos em pesquisas e em melhoramento genético, com vistas a desenvolver a atividade – em um processo semelhante ao que vem ocorrendo continuamente na avicultura, suinocultura e bovinocultura. Neste sentido, a dificuldade na aquisição de ração de qualidade foi apontada como um entrave, principalmente para os pequenos produtores. “Os iniciantes e os pequenos têm muita dificuldade em encontrar um produto com alto teor de proteínas. Eu tenho visto essa dificuldade em todo o Estado”, relatou Janete Armstrong, piscicultora e instrutora do SENAR-PR.
Uma sugestão apresentada pelo técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR Alexandre Lobo Blanco foi que a CT trace estratégias para que prefeituras passassem a incorporar o peixe no cardápio da merenda escolar. Na avaliação de Zabott, o entrave, neste caso, seria a resistência de merendeiras ante ao pescado. “O ideal seria que os sindicatos rurais levassem cursos do SENAR-PR para as merendeiras, ensinando pratos à base de peixe. Na outra ponta, a Comissão faria um trabalho junto às prefeituras, para que passassem a comprar peixes dos pequenos produtores locais”, sugeriu o presidente da CT.
A reunião também abordou os painéis do Campo Futuro, iniciativa da CNA, que vai levantar os custos de produção da piscicultura no Paraná. As rodadas para compilação dos dados, já agendadas, ocorrerão de forma remota. “O levantamento de custos é um subsídio para pleitos futuros do setor. Tudo é mensurado. Quanto mais participantes tivermos, mais fidedigno é o resultado e mais força terá o levantamento”, disse Nicolle Wilsek, técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR.
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Fonte: Sistema FAEP