O crescimento das exportações para a Índia acontece mais uma vez em 2015, com aumento de 11% nas vendas. Em dez anos, o país asiático mais que dobrou suas compras e, até 2030, pode se tornar o quarto maior importador de produtos brasileiros.
Secretário de comércio exterior nos governos Lula e Dilma, Welber Barral atribui a expansão das exportações ao "aumento da classe média indiana" e ao "desenvolvimento econômico" do país asiático, que deve crescer 7,3% neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). O estudo Global Connections, do banco HSBC, também destaca que o rápido aumento populacional da economia deve levar a Índia ao quarto lugar entre os principais compradores de produtos brasileiros em 15 anos.
Entre janeiro e outubro de 2015, 7,026 bilhões de quilos em mercadorias brasileiras foram exportados para a segunda maior economia da Ásia. O número é 11% maior que o registrado em igual período de 2014 e 127% superior ao acumulado em todo o ano de 2005, quando a Índia aparecia na 21ª colocação entre os compradores de produtos made in Brasil. Hoje, o país já ocupa o nono lugar.
O Acordo de Preferências Tarifárias Fixas (APTF), assinado há seis anos por Mercosul e Índia, também estimulou o aumento das exportações brasileiras para o país asiático. Com a inserção de facilitações tributárias, o volume das vendas cresceu sete vezes entre 2008 e 2009. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apresenta o APTF como "a primeira etapa de uma futura área de livre-comércio".
Para Barral, o acordo ainda é "relativamente pequeno se considerarmos o tamanho dos países". O especialista comenta que as vendas poderão crescer ainda mais quando o tratado "abranger toda a pauta da exportação, que tem mais de 14 mil produtos". Cerca de 800 mercadorias são contempladas atualmente.
Khair Ull Nissa Shah, diretora executiva do WTC Business Club, defende que "os países da América Latina se beneficiariam se trabalhassem mais em conjunto para fazer trocas com a Índia". Ela destaca também a importância do Brics para a "aproximação e o desenvolvimento do comércio" entre Brasil e Índia.
Ainda que o volume das exportações tenha aumentado, o valor recebido pelas vendas diminuiu 23% neste ano. Em 2015, os negócios geraram US$ 2,9 bilhões em dez meses, ante US$ 2,8 bilhões em igual período de 2014. Barral coloca a "queda global nos preços das commodities" como o principal motivo dessa distorção.
Os produtos básicos aparecem entre os mais exportados pelo Brasil para a Índia. Juntos, petróleo, soja e açúcar representam 58% das vendas realizadas em 2015.
Importações
Com a crise econômica e a desvalorização do real, as compras brasileiras de produtos indianos recuaram 32,6% em dez meses de 2015 na comparação com igual período do ano passado. Foram gastos US$ 3,7 bilhões entre janeiro e outubro, ante US$ 5,5 bilhões contabilizados em 2014. A mercadoria mais importada pelo Brasil é o óleo diesel.
"As trocas entre os dois países têm aumentado em um ritmo de 20% ao ano", pondera Khair. "E, em 2016, essa trajetória vai continuar", completa.
Investimentos
A Stefanini, empresa brasileira que presta consultoria em tecnologia da informação, iniciou suas operações na Índia em 2006, "para conhecer melhor o modus operandi dos indianos, que concorriam com a gente no Brasil", conta Aílton Nascimento, vice-presidente da companhia.
Superadas as dificuldades iniciais para se adaptar à cultura local, a Stefanini conta, hoje, com 200 funcionários no país. Lá, faz "operações complementares, como teste de equipamentos e recrutamento de funcionários que, depois, vão trabalhar em outros lugares do mundo", afirma Aílton. Ele também elogia a "boa" mão de obra do país.
A respeito das opções de investimento na Índia, Khair ressalta que "há boas possibilidades em diversas áreas, como metalurgia, agricultura, varejo e produção de máquinas".
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor