Neste ano, a estimativa da produção do café mineiro é de mais de 23 mil sacas, conforme dados da Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Serão quase mil a mais que a safra passada. Entretanto, a seca que atingiu Minas Gerais (principal produtor do grão), entre o final de 2014 e janeiro deste ano, ainda gera uma expectativa de queda nos números.
- A perda para 2015 ainda não pode ser mensurada, ela só é percebida no beneficiamento do café e ainda estamos colhendo. Mas a produção deste ano também terá reflexos climáticos, pois tivemos um veranico e estiagem – diz Ana Carolina Gomes, que é analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Se Minas sofreu com a seca, o estado do Paraná (que ocupa o sexto lugar no ranking de maiores produtores de café do país) foi beneficiado, pois conseguiu aumentar, cerca de 100% da sua safra, graças ao clima.
- No Paraná choveu menos do que o normal, mas choveu. Já no Sul de Minas, choveu bem abaixo da média e durante meses consecutivos – informa o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento.
O bom clima no Paraná foi o fator primordial para a alta na produção de 2015. Mas, olhando dados das safras passadas, juntamente com registros meteorológicos, Cleverton Santana, gerente da área de levantamento e avaliação de safras da Conab, lembra que esse não é um simples crescimento, mas sim uma recuperação.
- Em 2013 teve uma geada muito forte, que afetou o trigo e o café até no norte do estado. Com isso, os produtores optaram por aproveitar esse prejuízo e fizeram podas no café, de maneira que ele se recuperasse na safra seguinte. Neste ano, aconteceu do clima ser favorável, o que beneficiou a produção do grão e influenciou a alta na estimativa – diz Cleverton.
De acordo com os últimos dados divulgados pela Conab, a área em produção do grão em 2014, no Paraná (cuja safra foi de 558,6 mil sacas), era de 33.251 hectares. Já neste ano, assim como a estimativa da safra que dobrou, a área destinada ao cultivo também cresceu, atingindo 11 mil hectares a mais que o ano anterior.
Influências do El Niño
Passada a época de produção, chega o período de colheita, que no caso do café, vai de abril/maio até agosto/setembro, dependendo da região. Nessa etapa, tão importante no cultivo do grão, o clima continua a ser um fator preocupante e, neste ano, para maior apreensão dos agricultores, haverá a presença do fenômeno El Niño.
No entanto, com base nas previsões da Climatempo, os produtores de café não precisam se preocupar, pois pouca chuva é esperada para os estados de Minas Gerais e Paraná, o que deve favorecer a colheita. “Durante o inverno, ambas as regiões devem ficar com mais calor do que o normal e pouca chuva, como ocorre em anos de El Niño. Não deve gear”, informa Alexandre.
Fonte: Climatempo