O dólar fechou esta quinta-feira praticamente estável frente ao real, após fortes quedas dos últimos dias em meio ao maior alívio com a cena política doméstica e à percepção de que o banco central norte-americano não está com pressa para subir os juros.
O dólar avançou 0,02 por cento, a 3,2082 reais na venda, depois de acumular queda de 2,76 por cento nos últimos quatro pregões.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana atingiu 3,2027 reais. O dólar futuro operava com leve alta de cerca de 0,10 por cento no final da tarde.
- Acredito que o dólar pode perfeitamente passar a oscilar entre 3,20 e 3,25 reais – afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
De modo geral, o mercado tem precificado que, mesmo que o presidente Michel Temer perca seu mandato, a atual política econômica com foco em reformas e controle fiscal vai continuar, trazendo um pouco mais de alívio aos investidores. Por isso, o dólar saiu da casa de 3,30 reais no início do mês para cerca de 3,20 reais agora.
Temer foi denunciado por corrupção passiva e ainda é investigado por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa, ameaças que podem tirá-lo do cargo. Na linha sucessória, está o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem o perfil reformista também.
Nesta semana, foi aprovada a reforma trabalhista e as atenções se voltam agora para o andamento da reforma da Previdência no Congresso Nacional.
- O mercado comemora os avanços, com ou sem Temer. O que prevalece é o andamento das reformas – acrescentou Silva.
Interessado nas reformas, o mercado também comemorou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão na véspera, colocando-o mais distante das eleições de 2018. Lula é visto por parte do mercado como um político menos preocupado com ajuste fiscal.
Em relatório, o banco Wells Fargo considera positivas as reformas econômicas, mas pondera que o grande desafio do Brasil é o sistema político.
- Qualquer coisa que seja feita em termos de reformas econômicas, há pequenas chances de mudar o caminho para a eterna promessa brasileira de ser o país do futuro – escreveu o economista-sênior do Wells Fargo, Eugenio Alemán.
Do cenário externo, também vieram avaliações mais positivas, com sinais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não deve elevar os juros mais do que o esperado.
Na véspera, a chair do Fed, Janet Yellen, afirmou que a taxa de juros “não teria que aumentar tanto mais” para chegar a um nível neutro que não incentiva nem desencoraja a atividade.
Juro menor nos Estados Unidos tende a incentivar os investidores a manterem seus recursos em outras praças, como a brasileira. O dólar recuava ante divisas emergentes como os pesos chileno e mexicano.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,3 mil swaps cambiais tradicionais –equivalente à venda futura de dólares– para rolagem dos contratos que vencem em agosto. Com isso, já rolou 1,660 bilhão de dólares do total de 6,181 bilhões de dólares que vence no mês que vem.
Fonte: Reuters