Depois de oscilar na abertura, o dólar firmou alta ante o real nesta quinta-feira, na contramão do comportamento ante divisas emergentes no exterior, influenciado pela formação da taxa Ptax de final de mês e com alguma cautela com a cena política local, após o novo adiamento da votação da cessão onerosa no Senado.
Às 10:25, o dólar avançava 0,47 por cento, a 3,8587 reais na venda, depois de acumular perda de quase 2 por cento nos dois pregões anteriores. O dólar futuro operava em alta de 0,35 por cento.
“Temos um ajuste técnico após duas quedas, influenciado pela briga pela Ptax e ainda pelo novo capítulo da cessão onerosa”, explicou um profissional da mesa de derivativos de uma corretora estrangeira.
Ele se referia ao novo adiamento da votação, pelo Senado, do projeto de lei da cessão onerosa. Na véspera, o presidente da Casa, Eunício Oliviera (MDB-CE), disse que ainda não há entendimento. Integrantes do atual e do futuro governo discutem uma maneira de dividir parcela dos recursos a serem obtidos com a aprovação do projeto entre Estados e municípios.
Segundo Eunício, ainda há resistências por parte do governo atual, por entender que a medida poderia ferir o chamado teto de gastos.
“O risco de o projeto de lei não poder ser alterado via MP poderia levar a alterações via emendas, o que levaria a atrasos para sua aprovação dado que o projeto retornaria à Câmara”, acrescentou a corretora XP Investimentos.
O leilão do pré-sal poderia gerar receita de até 130 bilhões de dólares para a União, o que ajudaria o novo governo no difícil trabalho de ajuste fiscal, que só será efetivo se o governo também conseguir aprovar a reforma da Previdência.
A alta local do dólar também era influenciada pela formação da taxa Ptax de final de mês, usada na liquidação de diversos derivativos cambiais, na sexta-feira, o que já trazia volatilidade aos negócios.
O movimento altista, entretanto, era contido pela trajetória externa da moeda, que cedia ante as divisas de países emergentes, como peso chileno e lira turca, ainda sob influência do discurso considerado dovish do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, na véspera, no qual indicou que os juros estão apenas “pouco abaixo” do nível neutro, fala que o mercado interpretou como um indício de que os juros nos Estados Unidos podem subir menos do que o previsto.
Ante a cesta de moeda, no entanto, o dólar abandonou a queda de mais cedo e subia, com investidores agora focando no encontro do G20, na Argentina, no final de semana, com a expectativa por um acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Nesta tarde, na hora do fechamento da sessão regular do dólar, será divulgada a ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, o que também pode adicionar cautela ao longo da sessão.
Na abertura, a fala de Powell da véspera, o mercado externo e o novo leilão de linha —venda com compromisso de recompra— pelo Banco Central aliviavam as cotações locais.
A autoridade fará seu terceiro leilão de linha nesta tarde, desta vez para rolagem do total de 1,25 bilhão de dólares que vencem em 4 de dezembro. Nos dois anteriores, injetou novos recursos.
O BC também realiza nesta sessão leilão de até 13,14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para concluir a rolagem do vencimento de dezembro, no total de 12,217 bilhões de dólares.
Fonte: Reuters