O dólar tinha leves variações sobre o real nesta terça-feira, num movimento de correção depois de ir ao maior nível em mais de quatro meses na véspera com temores sobre a força política que o governo do presidente Michel Temer terá para dar sequência a importantes reformas, com destaque para a da Previdência.
Às 10:22, o dólar avançava 0,06 por cento, a 3,2331 reais na venda, depois de saltar mais de 1 por cento no pregão anterior. O dólar futuro tinha leve queda de cerca de 0,10 por cento.
- Há cautela antes da votação (da denúncia contra Temer). Se os votos ficarem muito abaixo dos 263 da votação anterior, os mercados vão ficar tensos, pois nesse ambiente desfavorável a reforma da Previdência não passa nem com formato mais enxuto – afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Na quarta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados começa a votar a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, dessa vez por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
O Palácio do Planalto concentrava seus esforços para assegurar os mesmos 263 de votos da primeira denúncia, e avisou aos parlamentares que, desta vez, as consequências de votar contra o presidente serão mais duras.
O placar, para o mercado, é importante por sinalizar o apoio que o governo tem no Legislativo para dar continuidade a importantes medidas econômicas, com destaque para a reforma da Previdência.
No exterior, o dólar também estava praticamente estável ante a cesta de moedas, com os investidores atentos à sucessão do Federal Reserve, banco central norte-americano.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dito que ainda avaliava pelo menos três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual chair do Fed, Janet Yellen.
- A escolha de Taylor deixaria os mercados descontentes porque ele tem um perfil mais conservador e tende a subir os juros. O mercado fica mais confortável com a escolha de Powell ou Yellen – afirmou Faganello.
Mais juros dos Estados Unidos tende a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.
Essas chances cresceram com a aprovação do esboço do Orçamento de 2018 pelo Congresso norte-americano na semana passada, que abre espaço para a redução de impostos planejada por Trump. Esse movimento pode impulsionar a inflação e, consequentemente, encorajar o Fed a elevar ainda mais os juros.
Fonte: Reuters