O dólar registrava leves oscilações ante o real, depois de nova atuação discricionária do Banco Central, que levou a moeda a perder força ante o real, depois de ter subido mais cedo ao patamar de 3,78 reais com temores sobre disputas no comércio internacional.
Às 16:00, o dólar avançava 0,14 por cento, a 3,7684 reais na venda, depois de ir a 3,7839 reais na máxima do dia. O dólar futuro caía cerca de 0,10 por cento.
O mercado já vinha trabalhando atento às ações futuras do Banco Central, já que as intervenções anunciadas pela autoridade monetária se referiam a esta semana apenas.
E no meio da tarde o BC fez leilão de até 20 mil novos contratos, colocando integralmente 1 bilhão de dólares, totalizando 5 bilhões de dólares dos cerca de 10 bilhões de dólares que ele previu injetar no sistema nesta semana.
“Se o BC não colocar os 10 bilhões de dólares até esta sexta-feira, ele vai dar a entender que dará continuidade (aos leilões)”, avaliou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.
O BC também ofertou e vendeu integralmente neste pregão 8.800 swaps para rolagem do vencimento de julho. Assim, já rolou 7,04 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.
A ação mais contundente do BC veio nas últimas semanas diante do movimento de forte aversão ao risco, que chegou a levar o dólar para acima do patamar de 3,90 reais, devido sobretudo à cena política local.
Pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro não têm mostrado avanços de pré-candidatos que os mercados consideram como mais comprometidos com ajuste fiscal e reformas.
O dólar abriu em baixa acompanhando o cenário internacional, onde a moeda norte-americana recua ante divisas de países emergentes num processo de correção, mesmo tendo como pano de fundo os temores de recrudescimento de guerra comercial entre Estados Unidos e China.
A ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor sobretaxas de 20 por cento sobre exportações de veículos da União Europeia (UE), um mês depois que seu governo iniciou análise sobre se as importações de veículos europeus representam ameaça à segurança nacional, acabou levando o dólar a abandonar a trajetória de baixa no mercado doméstico, mesmo tendo sustentado no exterior.
“O mercado é cauteloso…, sensível à alta. Então, qualquer notícia incomoda e o mercado se junta para puxar”, afirmou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.
O dólar caía frente a uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como o peso chileno e mexicano, o que continha o movimento de valorização ante o real.
Os mercados também estavam sob a expectativa do julgamento pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de novo pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de dois meses por crime de corrupção.
Os investidores entendem que, uma vez solto, Lula pode atuar como importante cabo eleitoral de um candidato que os desagradem.
Fonte: Reuters