O dólar caiu mais de 1 por cento ante o real após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevar a taxa de juros do país nesta quarta-feira e indicar que deve repetir o mesmo movimento apenas mais duas vezes no restante do ano.
O dólar recuou 1,21 por cento, a 3,2685 reais na venda, maior queda porcentual desde o recuo de 2,27 por centro registrado no dia 14 de fevereiro.
Na mínima, a moeda marcou 3,2675 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1,30 por cento.
“Subir os juros três vezes neste ano tira forças do ‘fly to quality’, há menos pressão financeira para que o fluxo de recursos aponte para os Estados Unidos”, justificou o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Syper.
O banco central norte-americano promoveu nesta tarde a primeira alta de juros deste ano e projetou ao menos dois aumentos em 2018, sinalizando crescente confiança de que os cortes de impostos e gastos do governo vão impulsionar a economia e a inflação e levar a um aperto futuro mais agressivo.
Jerome Powell, que teve sua primeira reunião na cadeira de chair, disse na entrevista que se seguiu ao encontro que, por ora, os dados não sugerem uma aceleração da inflação.
A declaração ajudou a fortalecer a queda do dólar ante outras moedas fortes e também ante divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Internamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) seguiu no foco dos investidores, diante da possibilidade de mudar o entendimento atual da Corte sobre execução da pena de condenados após esgotados os recursos na segunda instância.
Para o mercado, a eventual mudança deste entendimento reduz a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser preso e, assim, não concorrer à Presidência neste ano. Lula foi condenado em segunda instância e, agora, espera o resultado dos últimos recursos possíveis na segunda instância.
Nesta quarta-feira, o TRF-4 pautou para a próxima segunda-feira o julgamento dos embargos de declaração de Lula contra a condenação no caso do tríplex. Também nesta data, a presidente do órgão, ministra Cármen Lúcia, pautou o julgamento de um pedido de habeas corpus preventivo da defesa de Lula para a sessão da corte na quinta-feira.
O ex-presidente é visto pelos mercados como um político menos comprometido com o ajuste fiscal, considerado importante para colocar as contas públicas do país em ordem.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril. Dessa forma, já rolou 5,6 bilhões de dólares do total de 9,029 bilhões de dólares.
Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.
Fonte: Reuters