O dólar operava entre leves altas e baixas nesta quinta-feira, com os investidores atentos à cena política, um dia depois que protestos violentos contra o presidente Michel Temer e as reformas fiscais em andamento no Congresso ocorreram em Brasília e após o governo conseguir aprovar medidas provisórias na Câmara.
Às 12:04, o dólar avançava 0,10 por cento, a 3,2823 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,2890 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,30 por cento.
- Está havendo uma tentativa de melhora do mercado. Todo o mundo está esperando o 6 de junho – comentou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, ao destacar a data prevista para a votação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer formada para a disputa eleitoral de 2014.
O governo Temer enfrenta uma forte crise política desde que o presidente virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS. O presidente teve uma conversa gravada pelo empresário.
O presidente negou que vá renunciar e o mercado acredita que uma saída para estancar a crise política se dará justamente com a cassação da chapa, com a substituição de Temer por um nome de consenso, que conseguirá dar andamento às votações das reformas estruturais, sobretudo a da Previdência, considerada fundamental para a continuidade do ajuste fiscal.
Na quarta-feira, em mais uma tentativa de tentar mostrar força, o governo conseguiu aprovar medidas provisórias na Câmara, depois que partidos de oposição abandonaram o plenário em protesto contra a decisão de Temer de autorizar a presença de militares para garantir a ordem em Brasília em meio aos protestos violentos.
- Por mais que a dificuldade seja extrema, o governo está dando os últimos sopros no sentido que o mercado quer, o que gera uma certa tranquilidade – avaliou o operador da Ourominas Corretora Maurício Gaioti.
Na véspera, a moeda abandonou a trajetória de baixa e passou a subir justamente por causa da incerteza que os protestos trouxeram aos agentes.
- Ações como as de ontem assustam os investidores que optam pelo refúgio naqueles ativos que representam mais segurança em momentos de crise aguda – justificou a corretora Correparti em comentário matinal.
Profissionais comentaram que a volatilidade dos ativos deve predominar nos próximos dias.
O Banco Central vendeu nesta quinta-feira mais um lote de 8 mil contratos de swap cambial tradicional –equivalente à venda futura de dólares–, completando 3,2 bilhões de dólares da rolagem do vencimento de junho, que totaliza 4,435 bilhões de dólares.
No exterior, o dólar operava em baixa ante uma cesta de moedas e ante algumas divisas emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Fonte: Reuters