A ocorrência de doenças nas lavouras de trigo no Brasil Central resultou numa força-tarefa das instituições de pesquisa para fazer o adequado diagnóstico dos problemas na região. No período de 6 a 10 de maio, pesquisadores da Embrapa Trigo, Epamig e Embrapa Cerrados coletaram amostras em 18 lavouras nos estados de MG, GO e DF, além da avaliação de plantas em parcelas experimentais de pesquisa com trigo. Os resultados do trabalho foram divulgados na nota técnica “Brusone em lavouras de trigo no Brasil Central – safra 2019”, publicado no site da Embrapa Trigo.
A umidade em dias consecutivos de chuva durante o desenvolvimento do trigo na região do Brasil Central favoreceu a ocorrência do complexo de manchas foliares nas lavouras, limitando também o controle com fungicidas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leodato Nunes Maciel, a região sempre exigiu maior atenção com a brusone, doença que encontra no Brasil Central um ambiente extremamente favorável à presença do fungo P. oryzae. Porém, historicamente os danos por brusone estavam associados à fase de espigamento do trigo, mas, nesta safra, as condições climáticas no início do ciclo da cultura propiciaram a infecção do fungo da brusone ainda no perfilhamento das plantas.
Durante o trabalho, além da observação visual das plantas nas lavouras, foram estabelecidos 27 pontos de coletas de amostras de folhas de trigo. O fungo causador da brusone foi identificado em todas as amostras.
“As amostras analisadas e as avaliações a campo permitem concluir que o problema que afetou as lavouras de trigo avaliadas no Brasil Central foi a brusone. Houve condições que favoreceram a doença a ponto de formar uma epidemia”, conclui a Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Trigo, Ana Christina Albuquerque.
O risco de brusone foi registrado pelo SISALERT (Sistema de Previsão de Risco de Epidemias de Doenças de Plantas), plataforma que coleta dados meteorológicos, processa as informações para simulação de riscos de epidemias e distribui o alerta aos usuários.
“O sistema permite acompanhar as condições do tempo para prever os momentos de maior risco e orientar a aplicação racional de produtos químicos. Combinando fatores ambientais e econômicos, o sistema serve de auxílio ao produtor na tomada de decisão, orientando quanto a medidas preventivas ou mitigadoras no ataque de doenças”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo José Maurício Fernandes.
Fonte: Embrapa