O primeiro caso de doença da vaca louca na Escócia em dez anos foi confirmado após a morte de um animal em Aberdeenshire, no norte do país.
No total, foram registrados 16 casos no Reino Unido nos últimos sete anos – um número bem abaixo dos milhares de animais infectados no auge do surto que afligiu o país entre os anos 1980 e 1990.
Mas o que é essa doença – e qual o perigo que ela representa?
O que é a doença?
A encefalopatia espongiforme bovina (EEB) é uma doença degenerativa que atinge o sistema nervoso do gado. É conhecida popularmente como doença da vaca louca porque os sintomas incluem agressividade e falta de coordenação.
A doença também é conhecida como BSE, por causa do seu nome em inglês (bovine spongiform encephalopathy).
Ela é causada por um tipo de proteína chamada príon e normalmente é fatal para os animais.
A EEB foi reduzida a alguns poucos casos no Reino Unido, antes do caso confirmado na Escócia, o mais recente havia sido no País de Gales, em 2015.
Ela também afeta pessoas?
Sim. A versão humana da doença é conhecida como Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD) e também é letal. Ela está ligada ao consumo de carne contaminada.
A doença ataca o cérebro progressivamente, mas pode ficar dormente por décadas.
Desde 1995, quando foi identificada, a vJCD já matou 178 pessoas.
Acredita-se que uma em cada 2 mil pessoas no Reino Unido seja portadora da doença. No entanto, relativamente poucas pessoas que se contaminam desenvolvem os sintomas.
O que aconteceu durante a epidemia?
Uma epidemia de doença da vaca louca começou no Reino Unido nos anos 1980.
Isso levou à proibição do uso de miúdos bovinos para consumo humano em 1989. Muitas pessoas temiam ser contaminadas ao consumir, principalmente, produtos com carne processada.
No ano seguinte, o ministro da agricultura, John Gummer, disse que a carne de vaca era “completamente” segura. Para “provar”, ele convocou a imprensa para uma entrevista coletiva na qual comeu um hambúrguer. No mesmo evento, ele tentou convencer sua filha de 4 anos de idade a comer também – ela não quis. Isso foi antes de a ciência confirmar o risco da doença para humanos.
A epidemia atingiu um pico entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos.
No total, estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas.
O surto aconteceu porque os animais costumavam ser alimentados com ração feita com restos de carne, miúdos e medula óssea, que muitas vezes estavam contaminados com os príons.
Para tentar conter a doença, mais de 4.4 milhões de animais foram sacrificados.
Hoje, cérebro e medula espinhal são descartados e não voltam para a cadeia de alimentação. Também há um processo de monitoramento mais rigoroso.
Depois que a ligação entre a EEB e a vCJD foi descoberta, o Reino Unido introduziu controles mais rígidos para proteger a população.
Passou a ser ilegal vender determinados cortes de carne, incluindo a venda de carne com osso – isso foi introduzido em 1997 e removido um ano depois.
Outra medida foi importar plasma para tratar pessoas nascidas após janeiro de 1996 em caso de exposição à doença.
Muitos países pararam de importar carne do Reino Unido – a China só acabou com sua restrição neste ano.
Qual é a situação do caso atual?
O governo escocês impôs uma restrição de movimentação na fazenda afetada e está investigando como a vaca se infectou.
O episódio está sendo tratado como um caso isolado pela agência de regulamentação de alimentos do país.
A agência afirma que não há risco para a saúde humana, já que a carne do animal não entrou na cadeia de alimentação humana.
Outros animais que entraram em contato com o bovino infectado serão rastreados, isolados e sacrificados, como ditam as regras da União Europeia.
Fonte: G1