A história da família Cappelletti de Caxias do Sul, na Serra gaúcha, mostra um pouco da vida de duas profissões essenciais para o desenvolvimento do País…
Parreiral e transporte de cargas são tradições antigas da família Cappelletti – em 1876 Policarpo Cappelletti (tataravô dos irmãos André e Marcos – fotos) veio da Itália para transformar as encostas sinuosas da Serra em terras férteis para a produção de uva e fez esse trabalho cruzar gerações. Hoje o produtor, motorista e dono de vinícola, Pedro Cappelletti, e os filhos mantém viva essa herança e desde o início dos anos 60 resolveram incrementar a atividade: por volta de 1960 seu Pedro adquiriu o primeiro caminhão para transportar a uva da propriedade e de agricultores vizinhos. Em 1997 foi criada a Monsanto Transportes que atualmente tem 14 caminhões, sendo dois novos comprados em junho com a tecnologia Euro 5 – sem agredir o meio ambiente – investimento de R$ 980 mil. Em 2000 surgiu um novo incremento de vendas: a Vinícola Cappelletti passou a elaborar a bebida própria da família e hoje conquista clientes em várias regiões do País.
André Cappelletti cresceu vendo os pais cultivarem uva e já aos 18 anos fez a primeira viagem de caminhão. Hoje é responsável pela parte administrativa da Monsanto Transportes, mas admite que não consegue ficar muito tempo longe da estrada.
- Cuido do financeiro da empresa, mas se ficar muito tempo sem fazer uma viagem longa, fico como se faltasse o chão. A gente faz porque gosta do trabalho – confessa.
O dia 25 de junho, dia do colono e motorista, é uma homenagem a esses profissionais que garantem a produção e o transporte das riquezas do País. Com a experiência tanto na terra como no asfalto, André vê semelhanças nas duas profissões que são essenciais para o desenvolvimento do Brasil.
- Sempre gostei de trabalhar com a parreira, sempre achei interessante a poda porque é onde define a qualidade do teu produto. Essa mesma qualidade serve para o transporte: se trabalhar com qualidade, com capricho vai ter resultado – destaca.
Conhecendo a importância do trabalho do motorista, André sabe bem que a transportadora que percorreu 2 milhões e 50 mil km em um único ano depende do comprometimento de quem comanda o volante.
- Você entrega na mão do motorista um caminhão de R$ 450 mil e do portão para fora é com ele – ressalta.
Mas nem tudo está ao alcance do homem do campo ou do asfalto. Um dos principais entraves de ambas as atividades hoje é a falta de segurança: três caminhões da Monsanto Transportes já foram roubados com toda a carga e a cantina também já foi assaltada. As péssimas condições das rodovias é outro obstáculo para quem viaja, enquanto que o baixo preço da uva e a concorrência com o vinho importado são motivos de dor de cabeça para o vitivinicultor. Mas o irmão de André, Marcos Cappelletti, que encara a boleia sempre que falta motorista e acompanha de perto a produção das videiras, diz que a solução é trabalhar e planejar sempre.
- Na época da crise tem que colocar a casa em dia, depois quando surge o trabalho, estamos prontos para produzir. Na crise você não pode parar, porque, se não, quando chegar a época das vacas gordas, você não terá condições de fazer mais nada – aconselha Marcos.