O etanol produzido a partir de cereais é um produto viável para o Brasil e, especialmente, para Mato Grosso. Estudos já comprovaram a viabilidade da adaptação das usinas que produzem o combustível a partir da cana de açúcar para utilização de milho na entressafra. O gargalo, a partir do início desta produção, é a distribuição do combustível no País.
O assunto foi levantado durante o II Fórum Brasileiro de Etanol de Milho e Sorgo, em Brasília.
- Mato Grosso tem um potencial enorme, sabemos que é viável. Estamos com a faca e o queijo na mão e precisamos levar esta discussão para frente – disse Glauber Silveira, ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e conselheiro consultivo da entidade.
O presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, acredita que a política pública do Governo Federal de distribuição de combustível precisa ser revista.
- Tira a competitividade do etanol, principalmente do feito de milho, que é produzido no interior do país e longe dos mercados consumidores – afirma.
Para ele, uma solução seria a distribuição diretamente no mercado consumidor. Atualmente, o Brasil tem excedente de 20 milhões de toneladas de milho que são exportados in natura.
- Perdemos a oportunidade de agregar valor ao cereal, transformando, por exemplo, em etanol ou em DDGS, que é matéria-prima para ração animal de muita qualidade – diz Tomczyk.
Ele avalia como um contrassenso o País ser exportador do cereal e comprador de gasolina.
Um dos debatedores, o senador Blairo Maggi (PR) ressaltou que a utilização do milho para combustível não deixa o país desabastecido de alimento.
- Há milhares de produtores de milho no Brasil, dos mais diversos tamanhos de propriedades. A oportunidade de trabalhar com este novo produto irá gerar renda e sustentabilidade – afirmou.
O deputado federal Marcos Montes (PSD), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, salientou que os parlamentares precisam ser demandados para discutirem temas pertinentes ao setor.
- Gosto muito desta discussão e vejo como algo importante para os produtores de milho do país – afirmou.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), André Nassar, também acredita que a discussão sobre alimento versus combustível está superada. Segundo ele, o ministério precisa verificar o que é economicamente eficiente para traçar políticas públicas.
- Usar a usina de cana é interessante. Também é mais interessante moer (o milho) para fazer etanol do que colocar em rodovia para exportar – frisou.
Para o representante do Mapa, a distribuição direta é uma forma de viabilizar o etanol do milho, mas não é simples. Clayton Anselmo, representante da CHS (cooperativa norte americana com atuação no Brasil), disse que 75% do mercado de distribuição de combustíveis está concentrado em três empresas.
- Temos concentração de mercado na distribuição e fragilidade na produção – ressalta.
A questão tributária também é fundamental de ser discutida, pois o recolhimento é feito pela distribuidora e não pelos postos, então tudo arrecadado com este imposto fica para o estado que consome o combustível, não para o que produz.
- Isso explica porque os Estados não incentivam o consumo do etanol hidratado – argumenta.
Evento
O Fórum de Etanol de Cereais é uma realização da Aprosoja e Aprosoja Brasil, com patrocínio da Novozymes. Também participaram dos debates Sérgio Bortolozzo e Alisson Paolinelli, da Abramilho, Ricardo Santin, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Antônio Álvaro, da Embrapa Sorgo e Milho, Piero Vicenzo Parini, do Sindalcool-MT, Cassio Iplinsky, Usina Rio Verde, Sérgio Barbieri, da Usimat, Pedro Luiz Fernandes, da Novozymes, Otávio Celidônio, superintendente do Imea.
Fonte: Aprosoja MT