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DISTÂNCIA ENTRE ELOS

Os gargalos na comercialização de frutas no Brasil, além das questões relativas à exportação, foram os temas que deram início à tarde de palestras do 1º Encontro Goiano de Fruticultura, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG). O palestrante da vez e assessor técnico da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Eduardo Brandão, fez questão de ressaltar que o distanciamento entre produtores rurais e consumidor final é um dos principais problemas relacionados à comercialização do produto de quem figura no campo.

Durante o evento, que também teve realização do Sindicato Rural e Instituto Inovar, José Eduardo destacou os vários intermediários que existem nessa distância entre produtor e consumidor.

- Entre um e outro há vários intermediários que com o tempo, acabam reduzindo, por exemplo, o preço pago ao produtor e a qualidade do produto oferecido – disse ele.

Para isso, o assessor explica que quando uma pessoa compra uma fruta de uma gondola de supermercado, é importante lembrar que ela sai, primeiramente, de uma fazenda, passa pelo transporte até chegar à venda. No final desse processo, a fruta não está com a mesma qualidade com que foi vendida no primeiro momento.

- Normalmente, o que ocorre é que ao comprar uma fruta ruim a pessoa demora a comprar novamente, prejudicando assim o produtor na parte que mais incomoda: o bolso. Poderíamos ter um valor agregado ao produto, mas por conta dessa distância encontramos déficits – afirmou.

Como solução para esse problema, José Eduardo indica que os produtores devem se unir a grandes instituições representativas, tais como a FAEG. Pois por meio delas ele terá a chance de se unir com demais produtores e, assim, chegar ao consumidor final de forma mais ágil.

- Eu sozinho não chego, mas se eu me juntar a mais dez eu consigo – comenta o assessor da CNA.

Segundo o assessor, além do distanciamento, o produtor rural enfrenta outras várias problemáticas que acabam prejudicando o resultado final de seu trabalho. José Eduardo mostra que, no momento de comercialização, as barreiras tarifárias e não tarifárias, a pouca mão-de-obra qualificada e as problemas com a logística são alguns dos fatores.

- Há, também, as questões de manejo correto durante a colheita e a pós colheita e a falta de crédito na hora certa para investir e custear a lavoura – relata.

O produtor de tangerina da região de Pirenópolis, Emivaldo Pacheco Santana, também acredita que, atualmente, a distancia envolvendo produtor e consumidor é o principal problema que o setor de fruticultura enfrenta.

- Entendo que a maior dificuldade de comercialização é lidar com o atravessador. Eles acabam manipulando muito o mercado – finaliza.

Sobre as questões referentes à exportação, o assessor da Comissão Nacional de Fruticultura informa que o cenário atual está bem favorável ao produtor.

- Como a exportação depende diretamente do câmbio, e como o dólar está na faixa dos R$ 4, os valores finais saem positivos em relação ao que se produz. Por exemplo, se eu vendia uma caixa de frutas a R$ 10, hoje consigo vendê-la a R$ 40 – exemplifica.

Panorama

Na tarde do mesmo dia, os mais de 200 presentes puderam acompanhar as especificações fornecidas pelo gerente de Programa de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Newton Araújo Júnior (foto acima). A respeito do cenário de hortigranjeiros, ele informa que o total de comercialização chegou a valores em torno de 58 milhões de toneladas/ano, em 2014. No caso das frutas, ele apresentou um estudo da Conab, o qual demonstra que, após alta no mês de julho, as frutas apresentaram, em sua maioria, queda nos preços.

Segundo o gerente, duas culturas, porém, fugiram desta tendência, a banana não registrou comportamento uniforme, com baixas em vários entrepostos, como os de Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e alta em São Paulo e Goiânia, por exemplo. Além da banana, a melancia, mesmo com a alta apresentada, registrou valores comercializados menores do que os apresentados em 2014. A fruta, segundo os dados fornecidos, tende a registrar queda de preços nos próximos meses, a partir da intensificação da colheita.

Além de uma ambientação sobre o cenário, Newton Araújo informou que hoje falta um componente muito importante para os produtores: a informação.

- Ela é essencial para o entendimento dos cenários da agricultura, e a promoção de melhorias e adaptações necessárias ao setor – disse.

Finalizando, ele ressaltou outros fatores que prejudicam o produtor, como por exemplo o custo de produção.

- Os insumos do produtor estão, hoje, muito atrelados ao dólar, além do próprio frete, o combustível e os equipamentos. Então, por meio disso tentamos explicar o aumento de alguns produtos, que afetam em sua maioria, apenas as ‘costas do produtor’ – ressalta.

Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás – FAEG



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