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Discurso: Ágide Meneguette no Encontro Estadual de Empreendedores e Líderes Rurais

O longo e sofrido período de recessão econômica parece dar sinais de que está começando a arrefecer. Os indicadores reagem positivamente: a inflação cede terreno, o Produto Interno Bruto apresenta tênues sinais positivos, o desemprego se retrai. Vagarosamente, mas se retrai.

Isto é bom, mas não é tudo. A crise continua, embora menos dolorosa. E vai levar tempo para que o nosso país volte à normalidade. Um desastre como o que sofremos não se recupera do dia para a noite. Em meio a essa desordem generalizada a qual o Brasil foi lançado por governos incompetentes e corruptos, o setor que tem dado sustentação para que a situação econômica e social não fosse ainda pior foi o agronegócio. E sem agricultura e pecuária não há agronegócio.

São, portanto, na base, os agricultores e pecuaristas os responsáveis por essa façanha de impedir que o Brasil chegasse além do fundo do poço, gerando produção que tem proporcionado ao país saldos positivos em sua balança comercial todos esses anos. E isso se fez, e ainda se faz, nadando contra a corrente que aumentou juros do crédito rural, redução do volume de financiamento, falta de garantia dos recursos orçamentários para o seguro rural e obras de infraestrutura (rodovias duplicadas, ferrovias, portos mais eficientes) que o governo está nos devendo desde sempre. É difícil produzir assim. Competir com grandes economias, como os Estados Unidos, Argentina, países dotados de infraestrutura muito mais avançada que a nossa.

Mas a agricultura e a pecuária vão levando adiante, enfrentando ora chuva demais, ora seca demais e sempre uma feroz competição internacional. Somos, na verdade, o setor mais aberto à economia internacional. Nem os preços de nossos produtos são fixados por nós, dependem de cotações de Chicago, Nova York, Kansas, Londres e Liverpool. Dos estoques mundiais e da predisposição de economias mais forte que ditam regras de sanidade, sem as quais não podemos acessar seus mercados.

Não é fácil sobreviver num mundo como este, cheio de armadilhas espalhadas pela natureza e pela omissão de governos. A questão não é apenas sobreviver, mas avançar, desenvolver neste contexto adverso.

O futuro, dizem, é nosso. Depende do que vier a acontecer e de como nós vamos nos posicionar perante questões relevantes. Duas são as condições essenciais. A primeira delas é o uso da tecnologia, que permite o aumento da produção por meio da produtividade. São várias as entidades brasileiras voltadas para atender o produtor nestes quesitos: Embrapa, Emater, Iapar e empresas privadas de tecnologia. E o SENAR-PR, administrado pelo Sistema FAEP, instituição legalmente habilitada para a formação de mão de obra e que, nos seus 25 anos, já capacitou mais de 1 milhão de trabalhadores e produtores rurais nas mais diversas lides do campo e mantém programas isoladamente ou em parceria com outras instituições e com o governo do Estado. Lembro o Plante Seu Futuro, Pecuária Moderna e o Programa de Recuperação de Solo e Água, os mais recentes.

E o Programa Empreendedor Rural, parceria entre o Sistema FAEP/SENAR-PR, Sebrae e Fetaep, com o objetivo de modernizar a gestão das propriedades e embasar a produção em projetos com viabilidade. Mais de 23 mil trabalhadores e produtores rurais passaram por este curso. E programas como o Jovem Aprendiz, a inserção das mulheres na administração da propriedade e vários outros.

A ação destes organismos e mais o SENAR-PR é importante para a revolução que está se processando no campo, com novas tecnologias que estão a exigir um operador mais capacitado, um administrador antenado com as novas formas de organização e administração. Este ano, inclusive, o Sistema FAEP/SENAR-PR elegeu a Sustentabilidade como tema. Não que a Sustentabilidade não seja uma preocupação constante, incluída direta ou indiretamente em todos os cursos do SENAR-PR e nas ações da FAEP. Mas porque a Sustentabilidade tem seu viés tecnológico e, por esta razão, está ligado com o desenvolvimento da agropecuária, que depende da produtividade para crescer e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente.

A segunda condição essencial é a organização do setor. Nenhum setor, seja agro, indústria ou serviços, patronal ou de trabalhadores, tem condições de se desenvolver se não tiver como sustentação uma instituição forte que os represente e lute por ele. O sistema sindical é o organismo legítimo para representar os produtores rurais, para lutar por suas reivindicações e seus direitos. É o que temos procurado fazer da melhor forma possível, com todos os entraves que, na medida de nossa capacidade, vamos superando. Sem uma organização forte, os produtores irão ver suas reivindicações dispersas e não atendidas. Não falo apenas no cenário brasileiro. Assim é nos Estados Unidos, com a sua Farm Bureau, na França e na Espanha, onde os sindicatos de produtores enfrentam com êxito seus governos.

Essa constatação me leva a abordar a questão política. De plano, é preciso esclarecer que os sistemas sindicais e instituições de capacitação profissional, com FAEP/SENAR-PR, Sebrae, Fetaep e todos os demais não podem ter engajamento partidário. É o que determina o artigo 521, letra “d” da Consolidação das Leis do Trabalho. Sempre respeitamos esse preceito porque consideramos justo e saudável.

Contudo, não podemos esquecer que o nosso setor depende muito das decisões políticas. São governantes e parlamentares que ditam a política econômica, câmbio, crédito, importações e exportações, investimentos em infraestrutura. Enfim, tudo que tem impacto direto e indireto na produção e na renda de trabalhadores e produtores rurais. Razões mais do que suficientes para que trabalhadores e produtores rurais não apenas acompanhem as questões políticas, mas têm o dever de, pessoalmente, participar delas. Cada um de nós como cidadão tem obrigação de escolher os melhores governantes e os melhores parlamentares. E fiscalizar permanentemente suas ações, posições e conduta. Temos não apenas o direito, mas a obrigação de exigir deles que procurem tornar o país melhor para nós e nossos filhos. Discutir os novos rumos que o país tomar.

É preciso dar um basta a esse estatismo que apenas gerou corrupção e ineficiência. Nosso espelho deve ser aquelas nações que tiveram sucesso, onde se soube administrar a economia e permitir ampla liberdade de investimento. Chega dessas amarras ineficientes que impedem o desenvolvimento dos negócios.

Lembro de um trecho significativo de recente artigo, publicado no Estadão, desse amigo da FAEP, o economista José Roberto Mendonça de Barros, que já esteve entre nós várias vezes. “O papel central do crescimento está no desempenho do setor privado (como o nosso, de produtores rurais), tanto na liderança da economia quanto no investimento e na introdução do progresso tecnológico. Por isso, são decisivos incentivos adequados, respeito às leis e estabilidade institucional. Como resultado, as coisas funcionam não porque governo comanda, mas porque o governo motiva”.

Quero agradecer a presença de nosso governador Beto Richa, da vice-governadora Cida Borghetti, de nossos parlamentares, de companheiros sindicalistas, do rural patronal e de trabalhadores, dos dirigentes de federações. De nossos convidados. Agradecer a presença desses trabalhadores e produtores rurais, dos participantes do Programa Empreendedor Rural e de outros programas mantidos pelo SENAR-PR.

Agradeço também o empenho de nossos parceiros da Fetaep e Sebrae e dos técnicos, funcionários e instrutores do Sistema FAEP/SENAR-PR, que têm concorrido para o êxito do Programa do Empreendedor Rural.

Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR

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Fonte: Sistema FAEP



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