A Petrobras manteve estáveis as cotações do diesel e da gasolina em suas refinarias nesta quinta-feira, conforme indicou tabela publicada pela companhia em seu site, provocando novas críticas de agentes privados, que dizem que a atual política da petroleira estatal inviabiliza importações.
Desde que tomou posse neste ano, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, tem elevado a periodicidade dos reajustes dos combustíveis, enquanto o governo federal tenta evitar uma nova greve de caminhoneiros.
O valor médio do diesel da Petrobras está cotado a 2,2470 reais por litro desde 18 de abril, quando foi elevado em 4,8 por cento.
Desde então, a Petrobras não mudou mais a cotação e ainda alterou a forma como divulga os preços dos combustíveis, agora por ponto de venda, e não mais valores médios.
No caso do diesel, ainda passou a divulgar o preço do combustível S10 e S500.
Já a gasolina, teve um reajuste de cerca de 2 por cento na terça-feira, após 18 dias de manutenção, apesar de sua política prever reajustes em períodos de até 15 dias.
Para evitar perdas, a empresa afirma que tem utilizado mecanismos de hedge.
No entanto, a ausência de reajustes prejudica importadores, que não conseguem competir com os preços da Petrobras, responsável por quase 100 por cento da produção brasileira de gasolina e diesel.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), desde o início de março, o preço do diesel no mercado internacional já subiu 0,21 real por litro, enquanto o preço doméstico variou apenas 0,12 real por litro.
“Com a avanço do preço do produto no mercado internacional e aumento do câmbio, a defasagem aumenta a cada dia, intensificando a necessidade de novo reajuste pela Petrobras”, disse a Abicom, em uma nota.
Desde o fim de março, a política de preços da Petrobras prevê reajustes do diesel em períodos sempre superiores a 15 dias. Dessa forma, um novo reajuste deve ocorrer apenas a partir de 2 de maio.
“Enquanto isso, importações por agentes privados continuam inviabilizadas e a defasagem varia de -0,07 real/l a -0,15 real/l, dependendo da região”, disse a Abicom.
Com a gasolina, o cenário é parecido, segundo a Abicom.
“Apesar do compromisso com os investidores (divulgado em fato relevante), a companhia não tem seguido a correlação com as variações do preço da gasolina no mercado internacional e a taxa de câmbio”, disse a Abicom.
A associação afirmou que, desde o início de março, o preço internacional da gasolina subiu 0,42 real/l (alta de 26 por cento), enquanto o preço no Brasil subiu 0,29 real/l.
A associação frisou que a manutenção dos preços nesta quinta ocorreu após o dólar fechar na véspera perto de 4 reais, no maior valor em quase sete meses.
Já os futuros do Brent se aproximam de 75 dólares por barril, contra cerca de 50 dólares no fim do ano passado, diante de cortes da Opep e de sanções nos EUA contra Venezuela e Irã.
Procurada pela Reuters, a Petrobras reafirmou que continuam em vigor os princípios de paridade internacional.
Além disso, afirmou que “é fundamental destacar que os reais valores de importação variam de agente para agente, dependendo de características como, por exemplo, as relações comerciais no mercado internacional e doméstico, o acesso a infraestrutura logística e a escala de atuação”.
Fonte: Reuters