Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) despencaram mais de 4% no pregão desta terça-feira (19). As principais posições do cereal ampliaram as perdas ao longo do dia e encerraram a sessão com desvalorizações entre 13,50 e 15,25 pontos. O vencimento setembro/16 era cotado a US$ 3,41 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,48 por bushel. Já o maio/17 era negociado a US$ 3,63 por bushel.
Em meio ao desenvolvimento da nova safra norte-americana, o foco dos participantes do mercado permanece no comportamento do clima nos Estados Unidos. E diante de tantas atualizações dos mapas climáticos, as cotações demonstram tamanha volatilidade. Os americanos buscam a consolidação de uma grande produção para a temporada 2016/17, que no caso do milho deverá ultrapassar as 369 milhões de toneladas, conforme indicam as estimativas oficiais.
“As condições das lavouras de milho estão bem melhores do que o observado no ano passado. Mas ainda estamos no meio caminho, com as chuvas recentes diria que as plantações foram bem polinizadas e o solo está úmido. Contudo ainda teremos que acompanhar o clima em agosto, estamos caminhando para uma safra normal nos EUA”, pondera o analista de mercado da Ag rural, Fernando Muraro Jr.
No final da tarde desta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) manteve em 76% o índice de lavouras em boas ou excelentes condições, acima das projeções dos investidores que apostavam em uma queda, para 75%. Em torno de 19% das plantações apresentam condições regulares e 5% estão em condições ruins ou muito ruins. O departamento ainda apontou que cerca de 56% das lavouras ainda estão em fase de espigamento.
“Além das boas condições, novas previsões climáticas apontam para um alívio do clima mais quente a partir da próxima semana. Ainda assim, deveremos acompanhar as temperaturas mais altas que são esperadas no Meio-Oeste dos EUA”, disse Bryce Knorr, editor e analista de mercado da Farm Futures.
Em entrevista ao portal britânico Agrimoney, o corretor da consultoria internacional Futures International, Terry Reilly, afirmou que algumas regiões do Meio-Oeste do país podem registrar 43ºC, contra as previsões anteriores de máximas de 38ºC, as informações são baseadas em previsões do instituto World Weather. “As grandes planícies e o Sudoeste do Corn Belt deverão sofrer com o tempo mais seco e quente até a próxima semana. O pico mais intenso deverá ser entre terça e quinta-feira”, diz.
Mercado brasileiro
A forte queda registrada nos preços no mercado internacional também influenciaram as cotações nos portos brasileiros. Em Paranaguá, a saca do cereal para entrega setembro/16 caiu 5,71% e voltou ao patamar de R$ 33,00. Na BM&F Bovespa, as cotações futuras do milho fecharam o pregão desta terça-feira (19) em campo negativo. Ainda assim, as cotações exibiram quedas mais fracas, entre 0,44% e 1,73%. O vencimento setembro/16, referência para a safrinha brasileira, era cotado a R$ 46,45 a saca, com leve perda de 0,96%.
Enquanto isso, no mercado interno, as cotações registraram ligeiras movimentações. Em Itapeva (SP), o valor subiu 15,86%, com a saca a R$ 46,40, já em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas em Mato Grosso, a valorização foi de 3,45%, com a saca a R$ 30,00. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a alta ficou em 2,94%, com a saca de milho a R$ 35,00. Na região de Não-me-toque (RS), a cotação subiu 1,16% e finalizou o dia a R$ 43,50 a saca. Porém, em Avaré (SP), a queda foi de 10,26%, com a saca do cereal a R$ 34,19.
“Os estoques internos enxutos voltaram a dar sustentação aos preços do milho, mesmo com a colheita em andamento. A menor disponibilidade na temporada mexeu também com os preços do cereal no mercado futuro (BM&F/Bovespa), com altas para os contratos com vencimento em médio e longo prazo”, segundo dados da Scot Consultoria.
A perspectiva é que sejam colhidas pouco mais de 43 milhões de toneladas de milho na segunda safra. No estado de Mato Grosso, maior estado produtor, a colheita já está completa em 50,67% da área plantada neste ciclo, no mesmo período do ano anterior, a colheita estava em 47,52%. Na região Médio-Norte, em torno de 61,07% da área já foi colhida e no Nordeste, cerca de 60,85% das áreas já foram colhidas. Os dados fazem parte do levantamento do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
“O nordeste de MT, região que sofreu os maiores impactos climáticos, apresenta a maior heterogeneidade na produtividade, com uma diferença entre a máxima e a mínima de 77 sc/ha, enquanto que na safra passada foi de 24 sc/ha”, informou o instituto em seu boletim semanal.
Já no Paraná, a colheita do milho safrinha já está completa em 55% da área cultivada nesta temporada. E 55% das plantações apresentam boas condições, 34% têm condições medianas e 11% estão em situação ruim. As informações foram divulgadas hoje pelo Deral (Departamento de Economia Rural). Outro fator que também tem dado suporte aos preços do cereal é a retração vendedora por parte dos produtores rurais.
Fonte: Notícias Agrícolas
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