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DIA DO ALGODÃO EM GOIÁS

A 14ª edição do Dia do Algodão em Goiás reuniu mais de 300 pessoas entre produtores, técnicos, cientistas e autoridades, na Fazenda Pamplona – SLC Agrícola, no município de Cristalina, no último dia 21. Durante o evento, os participantes puderam conferir as tecnologias e inovações voltadas para aumentar a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade da cultura do algodão. Entre elas, estavam as três novas cultivares de algodão transgênico resistentes a lagartas e ao herbicida glifosato, desenvolvidas pela Embrapa Algodão e Fundação Bahia, o uso de drones para maior eficiência da adubação nitrogenada, apresentado pela Embrapa Instrumentação, e o modelo de pulverização eletrostática, pela Embrapa Meio Ambiente.

As quatro estações técnicas receberam mais de 160 pessoas, que acompanharam as palestras. Uma delas era sobre Sistemas de Produção Soja-Milho-Algodão. A apresentação tratou de estimativas de custo de produção e rentabilidade, entre outros tópicos. Para o representante da Fundação Goiás, Élio de la Torre, o sistema de produção do algodão, combinado com soja e milho, traz benefícios quando feito com manejo adequado das três culturas no mesmo solo.

-Há mais sustentabilidade. Entendemos as semelhanças entre cada cultura para que trabalhem em sinergia, agregando benefícios – afirma.

Entre as vantagens estão o melhor combate a pragas, doenças e ervas daninhas.

A segunda estação abordou o uso de drones para maior eficiência da adubação nitrogenada. Conforme o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Lúcio Jorge, existem câmeras especiais que são usadas em drones que dão um indicativo do estágio da planta e possibilitam um manejo variável do nitrogênio.

- Sensores infravermelhos calculam índices de vegetação e podem calcular o momento de adubar e ver se esta adubação foi bem feita – ressalta.

Cultivares

As características de diferentes cultivares, apresentadas por diferentes laboratórios, também foi tema de uma das estações. Características fisiológicas, agronômicas, de manejo e performance foram o centro da apresentação. Para o gerente técnico da J&H, Rinaldo Grassi, as pesquisas indicam variações na produtividade de cultivares conforme o solo, o clima, o manejo e o bioma mudam, entre outros fatores.

- Cada uma possui uma velocidade de crescimento, uma época de plantio mais adequada, uma quantidade certa de população de plantas por hectare, características de fibra, etc. Cabe ao técnico e ao produtor definir qual cultivar se encaixa melhor com os objetivos da produção – explica.

O pesquisador da Embrapa Algodão, Camilo Morello, apresentou as novas cultivares BRS 430 B2RF, BRS 432 B2RF e BRS 433 FL B2RF, materiais de alta produtividade, fibra de qualidade superior e tecnologia Bollgard II Roundup Ready Flex (B2RF, da Monsanto), que conferem a resistência ao glifosato e às principais lagartas do algodoeiro.

- Além da transgenia, a BRS 433 FL tem como principal característica a fibra longa, podendo chegar a 34 mm e alta resistência da fibra, com média superior a 43 gramas/força de resistência. A produtividade máxima alcançada na BRS 433 FL B2RF foi de 375 @/ha e rendimento médio de fibra de 38,5% – afirmou.

Para produzir uma fibra longa o posicionamento de semeadura da cultivar BRS 433 FL B2RF deve ser no início da safra, ou seja, na abertura de plantio.

O manejo da Fazenda Pamplona, sede do Dia do Algodão, também atraiu interessados em saber como a lavoura atingiu uma média de 330 @/ha. Aspectos como a escolha da cultivar, áreas, adubações, uso de inseticidas, herbicidas e fungicidas, manejo do bicudo e pluviometria, entre outros, apontaram os caminhos para uma maior produtividade.

- Queremos mostrar como trabalhamos, nosso planejamento e resultado. Este ano superamos a meta de produção – comemora o coordenador de produção da fazenda, Rafael Belle. – Em qualidade e produtividade, estamos entre os melhores do mundo – conclui.

Combate ao bicudo e pulverização eletrostática atraem a atenção do público

Duas ações que buscam maior sustentabilidade à produção, com redução do uso de defensivos, o Projeto Bicudo, coordenado em Goiás pelo Fialgo, e o projeto de pulverização eletrostática desenvolvido pela Embrapa, chamaram a atenção do público.

O modelo de pulverização eletrostática foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Ademir Chaim. Ele explica que o sistema conta com uma fonte de alta tensão, um suporte e um eletrodo de indução.

- No processo normal, a gente joga o defensivo na planta. Neste sistema, a planta que puxa o defensivo para si, uma vez que, carregado o defensivo com carga elétrica negativa, a planta automaticamente fica com carga positiva”, explica. Chain diz que o sistema ainda está incipiente, mas afirma que há estudos em estufa de tomate para controle da mosca branca onde o uso de defensivos caiu 90%. “Meu objetivo com a pulverização eletrostática para o algodão é reduzir de 30 a 40% o número de aplicações – prevê.

Por sua vez, o Projeto Bicudo já se encontra em estágio avançado de realiza um trabalho que atende os produtores no combate ao inseto. Diretor executivo do Fialgo, Paulo César Peixoto explica que a novidade é a entrega de um tablete para cada fazenda que faz parte do projeto, para que os próprios funcionários das fazendas façam o monitoramento das armadilhas e repassem os dados para o software que agrupa todas as informações do projeto. Tal medida vai reduzir o intervalo de monitoramento, que atualmente é feito quinzenalmente por técnicos do Fialgo que vão às fazendas.

- O objetivo é fazer o monitoramento semanalmente – afirma.

O Projeto Bicudo começou há dois anos, porque o controle da praga estava ficando insustentável.

- Quem fazia 20 aplicações agora chega a fazer apenas 8, se cumprir as orientações do projeto – ressalta o consultor técnico do projeto, Wanderley Oishi.

Parcerias e união

Para o gerente da Fazenda Pamplona, Marcelo Perglow, a troca de informações é o grande atrativo do Dia do Algodão. Já para o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, o momento é de comemorar a boa produtividade das lavouras.

- Viemos de anos difíceis e este ano estamos colhendo uma excelente safra – declara.

Já para o presidente da Abrapa, Arlindo Moura, a meta nacional é dobrar a área de cultivo do algodão no Brasil nos próximos 5 anos, com um aumento de 17% em 2018. Outra estratégia é aumentar em 10% o uso de algodão nos têxteis. Hoje 54% dos têxteis são de algodão.

O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, destaca que o Brasil viveu uma revolução na cotonicultura em poucos anos, mas que ainda existe um espaço gigantesco para crescer.

- O algodão está cada vez mais inserido na lógica de uma agricultura sistêmica e o Brasil é líder mundial no desenvolvimento de uma agricultura por excelência sistêmica. Nós estamos no cinturão do mundo, praticamente o único lugar onde será possível fazer a grande revolução da agricultura sistêmica porque temos grandes áreas, precipitação, solo e temperatura adequados. Nós podemos fazer uma agricultura 365 dias por ano. E temos gente, que é o ingrediente mais importante; temos agricultores talentosos, dispostos a assumir desafios, a quebrar paradigmas. Aqui neste lugar é onde se pode fazer a agricultura sistêmica que vai liderar a agricultura no cinturão tropical do mundo. E o algodão tem que ser parte dessa lógica da agricultura sistêmica – avalia.

Fonte: Embrapa



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