Como a própria curva sazonal de preços do produto antecipava, em outubro os preços do ovo voltaram a apresentar novas baixas em relação ao mês anterior, fato que se repetiu pelo quarto mês consecutivo. Ou seja: desde o início do segundo semestre a cotação do produto tem se apresentado mensalmente decrescente.
O que não se imaginava, porém, é que a queda fosse tão drástica quanto a observada. Porque, pela curva sazonal (média de preços dos últimos 17 anos), o recuo de outubro em relação ao mês anterior deveria girar em torno de 2%. Mas o que se viu na prática foi uma redução de preço de quase 14% em relação a setembro passado. Isto, sem contar a redução de mais de 27% sobre o preço médio registrado em outubro de 2017.
A realidade é que, ao completar o antepenúltimo mês de 2018, o preço alcançado pelo ovo no mercado paulistano retrocede, praticamente, ao menor valor dos últimos quatro anos. Ou seja: supera (mas apenas nominalmente) somente os valores alcançados no final de 2014 (e que, ressalte-se, foram inferiores aos registrados no final de 2012 e 2013).
Na busca pelo equilíbrio de preços, o setor tem intensificado o descarte de poedeiras mais velhas ou de menor produtividade. Mas, ao contrário de ocasiões anteriores, esse esforço tem sido neutralizado pela entrada em produção de novas poedeiras. Porque, em essência, nos últimos tempos o plantel de poedeiras vem aumentando de forma significativa (até o IBGE fez menção ao fato ao detectar, em 2017, aumento de mais de 6% no volume de poedeiras alojadas no ano; pois é esse adicional que faz a maior diferença neste exercício de consumo recessivo).
Com tudo isso, o valor médio dos 10 primeiros meses do ano se encontra quase 20% da média alcançada em idêntico período de 2017. E, mesmo considerada a média dos 12 meses de 2017, o índice de queda deste ano, embora um pouco menor, continua elevado, próximo de 17%.
Como são mínimas as possibilidades de uma reversão significativa dos resultados atuais esse deve ser, aproximadamente, o índice de queda de 2018, com certeza um dos maiores de todos os tempos. No último retrocesso do gênero que o setor enfrentou (2014), a queda de preços de um ano para outro foi bem menor, inferior a 9%.
A esta altura o setor, com certeza, terá saudades dos resultados obtidos no biênio 2015/2016, ocasião em que os preços do ovo evoluíram 12,84% (2015) e 26,84% (2016) em relação ao ano anterior. Tais ganhos, infelizmente, estão perdidos.
Fonte: Avisite