Após um período difícil, de baixa rentabilidade, a safra 2015/2016 promete novos horizontes ao produtor de algodão. Fundamentos do mercado externo, somados a uma possível sustentação na demanda interna, deram fôlego para uma disparada nas vendas e nos preços da pluma.Na última semana, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) chegou a subir 17,12%, na variação mensal, para R$ 260,73 centavos por libra-peso. Desde maio de 2011 não se via um valor como este. Ontem (1º), o índice abriu o mês de fevereiro na mesma intensidade e registrou R$ 260,51.
Este preço está exatamente ligado a uma redução de área plantada nos Estados Unidos e em outros países, como o Brasil. O que se prevê para este ano no mundo é um consumo maior do que a produção , justifica o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura.
No campo
O cotonicultor norte-americano se viu desestimulado a cultivar a pluma desde o encerramento do contencioso, no final de 2014, um programa de crédito e garantia àexportação que fazia parte da Lei Agrícola dos Estados Unidos, a Farm Bill. Após uma ação movida pelo Brasil junto à Organização Mundial de Comércio (OMC), os subsídios passaram a operar dentro de parâmetros bilateralmente negociados, o que propiciou melhores condições de competitividade para os produtos brasileiros no mercado internacional.
Por aqui, o efeito do dólar sobre os insumos foi um dos principais motivos que fez com que o agricultor reduzisse a área de plantio. Moura conta que cerca de 90% daprodução de algodão do Mato Grosso, estado líder no País, é proveniente da segunda safra, paralela à safrinha de milho. No planejamento da safra 2015/ 2016, o forte aumento das despesas foi fundamental na decisão entre as duas commodities.
O produtor pode plantar mais milho pelo custo . Enquanto você precisa de R$ 2,7 mil por hectare para o milho, no algodão você precisa de R$ 9 mil , diz o executivo. Na temporada anterior, estes gastos dos cotonicultores giravam em torno de R$ 6,8 mil. O avanço ocorreu muito em função dos fertilizantes e defensivos, que compõe pelo menos 50% dos custos da cultura. O milho também está com uma remuneração boa, quem não tem capital para trabalhar com algodão, vai optar por ele , acrescenta Moura.
O levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta área de 956,7 mil hectares plantados neste ciclo, uma redução de 2% contra 2014/ 2015. Quanto a produção, a expectativa é que sejam colhidas 2,25 milhões de toneladas de caroço, ante 2,34 milhões da última safra, baixa de 4%.
Comercialização
Mesmo com a desaceleração na indústria do maior player global da cultura, a China, o executivo da Abrapa acredita que o baixo nível de qualidade da pluma chinesa faz com que eles tenham necessidade de atuar no mercado para fazer blend. Com isso, a demanda para os produtos americano e brasileiro é quase garantida.
Moura destaca que de 1,5 milhão de toneladas de pluma produzidas no Brasil, apenas cerca de 400 a 550 mil são absorvidas pelo consumo doméstico, todo o restante vai para a exportação.
Sendo assim, especialistas do Cepea informam que, entre os vendedores, apenas as tradings, atentas às oscilações na Bolsa de Nova York (ICE Future) e à forte valorização do dólar frente ao real, disponibilizam lotes no mercado interno. Em relação à demanda, mesmo com a dificuldade das fiações domésticas em absorver as altas da matéria-prima e demais custos, colaboradores do Cepea relatam que o ritmo de negócios no mercado de fios está melhor que nos dois últimos meses de 2015 , avaliam por meio de nota.
O vice-presidente da Abrapa lembra que o câmbio ainda pode favorecer a exportação de tecidos confeccionados no Brasil. Este é um fator que deve fazer com que o consumo interno aumente e sustente ainda mais os preços em alta.
Alerta
A Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) alerta que este início da safra de algodão está sendo marcado por uma praga que não chega a ser uma novidade para quem lida no campo, mas que está preocupando pesquisadores, produtores e técnicos pela intensidade de seus ataques. Bemisia tabaci é o nome científico da mosca-branca, praga que tem sido destaque nos últimos relatórios sobre a situação das lavouras dos assessores técnicos regionais (ATRs) de todos os núcleos de produção algodoeira das lavouras de Mato Grosso.
Segundo informativo no site oficial da entidade, no caso da cotonicultura, a mosca-branca prejudica o crescimento das plantas em fase inicial de desenvolvimento e traz danos indiretos como a transmissão de viroses. Já no final do ciclo, sua ocorrência pode acarretar a contaminação da fibra. Em 2015, ela entrou entre as pragas consideradas de maior risco fitossanitário.
Fonte: DCI
Fonte: Canal do Produtor