A menor oferta e a demanda em alta têm estimulado os preços dos ovos em Minas Gerais. A caixa com 30 dúzias, que era comercializada no final de janeiro em média a R$ 90, dependendo da qualidade e do tamanho, é negociada em torno de R$ 105, valorização de 16,6%. A alta na cotação vem no momento em que a atividade enfrenta a elevação significativa dos custos de produção.
O analista de Agronegócio da FAEMG Wallisson Lara Fonseca destaca que vários motivos contribuíram para a elevação significativa dos preços, entre eles a intensificação do descarte de poedeiras. “Os custos com milho e soja, que são base da nutrição das aves, estão bem elevados e estreitaram a margem de lucro dos avicultores. Esse fator culminou na intensificação do descarte impactando diretamente na produção de ovos. Este ano, a redução do plantel aconteceu em um período de alta demanda, em função das voltas às aulas e da Quaresma, período em que parte dos cristãos substitui o consumo de carnes pelos ovos”.
Ainda segundo Fonseca, o descarte de animais de postura acontece anualmente. A medida é adotada em busca da renovação das aves, da maior produtividade e para o controle sanitário das granjas.
Outro fator citado pelo técnico da Faemg é o aumento expressivo das exportações mineiras de ovos e derivados, o que também contribui para enxugar a oferta no mercado e sustentar os preços. “Se compararmos os embarques de ovos e derivados em 2015, com 2014, vamos perceber um aumento de 53,9% em volume, com exportação de 11,18 mil toneladas. Em receita, a alta foi de 8,28%. Entramos em 2016 com incremento nos embarques, intensificação de descarte das poedeiras e demanda interna aquecida. Todos esses fatores justificam a elevação dos preços pagos pelo produto”, explica Fonseca.
Positiva
No Estado, o preço médio praticado é de R$ 105 pela caixa com 30 dúzias de ovos, valor 16,6% maior que o praticado no final de janeiro e 10,5% superior ao registrado em igual período de 2015. No mercado, a dúzia de ovos, no acumulado de 2016 até 17 de fevereiro, é negocia a R$ 3,36, variação positiva de 15,06% frente ao valor registrado em 2015, quando a dúzia estava avaliada em R$ 2,92.
De acordo com o técnico da Faemg, o avicultor passa por um momento um pouco mais favorável em relação aos preços, mas um cenário mais definido ainda dependerá da colheita da safra de grãos e da safrinha, que ainda é incerta em relação ao volume. Por isso, enfatiza, é importante que ele analise e fique atento ao mercado para que não seja surpreendido e tome decisões mais assertivas.
“A Quaresma dura somente 40 dias e não sabemos se a demanda vai persistir após este período. Por isso, a gestão dentro da porteira é fundamental, assim como ficar atento à conjuntura econômica do País”, ressalta Fonseca.
Crise no País mudou hábitos das famíliaslhar
O diretor do Instituto Ovos Brasil, Ricardo Santin, ressalta que a crise econômica nacional vem comprometendo a capacidade de compra das famílias. Nesse sentido, o ovo é um importante produto substituto das carnes, por isso, a demanda está mais aquecida que a registrada nos anos anteriores.
Segundo ele, há uma menor oferta de produtos disponível no mercado, o que tradicionalmente ocorre nos primeiros meses do ano, período de férias escolares, com menor nível de consumo. Entretanto, com a crise econômica que o País vem enfrentando, junto à consequente queda do poder de compra da população e somada às fortes elevações de preço da carne bovina, houve um aumento na busca da população por proteínas com custos mais acessíveis, como é o caso do ovo. Essa maior procura pelo produto também favoreceu a elevação dos preços nas gôndolas”, analisa.
Santin também destacou que o aumento dos custos de produção impacta na produção e que mesmo com a valorização dos preços, a margem de lucro dos avicultores segue pressionada. O custo está elevado, especialmente com o preço da saca de 60 quilos de milho superando R$ 45 em diversas praças.
“O milho representa uma importante parcela do custo de produção, isso por mais da metade da ração ser composta pelo cereal. Apesar de ser uma conta de cada produtor. Além do grão outros aumentos dos preços como energia elétrica, combustíveis e mão de obra acabam pressionando, para baixo, as margens de do avicultor”, observa Santin.
Fonte: Diário do Comércio
Fonte: Canal do Produtor