Os fundos de investimento estrangeiros e nacionais começaram a rastrear no País o mercado de terras agrícolas. As sondagens foram retomadas, mas as gestoras estão esperando uma maior clareza dos rumos da crise política e econômica antes de iniciarem as negociações, segundo fontes a par do assunto.
As canadenses Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) e a Brookfield, além da brasileira Pátria, que tem o gigante americano Blackstone como sócio, estão de olho em oportunidades no País. Levantamento feito pela Informa Economics FNP, uma das maiores consultorias de agronegócios no Brasil, mostra que o momento atual é propício para a retomada dos negócios, uma vez que os preços das terras agrícolas se desaceleraram nos últimos 12 meses, tornando os ativos brasileiros mais baratos.
Vale lembrar que a compra de terras por estrangeiros sofre restrição – esses grupos têm de se associar a empresas locais e não podem controlar o negócio. O que tem chamado mais atenção dosinvestidores são as terras agrícolas para grãos – tradicionalmente mais caras que as de pastagens.
- Considerando os preços atuais, é mais vantagem investir em terras para grãos, que são mais férteise não precisam de investimentos – diz José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria.
Ferraz diz que há investidores atrás de “galinhas mortas”, mas ainda há muitos produtores que estão resistentes à venda.
Só estão vendendo os que estão com a corda no pescoço. Os preços das terras de um ano para cá começaram a desacelerar, em relação a três anos atrás. Em Mato Grosso, onde a soja predomina, o preço do hectare da terra de grãos sai a R$ 15.385 (base janeiro e fevereiro), alta de 2% sobre o mesmo período do ano passado. Em 3 anos, o aumento foi de 22%. A área de pastagem no Estado está em R$ 5.381, avanço de 7% na mesma comparação e 41% em 36 meses. No Rio Grande do Sul, forte em grãos, mas com terra limitada, o hectare para soja sai a R$ 26.045, alta de 19% e 51% comparado a 3 anos atrás, enquanto a de pastagem sai a R$ 11.167, alta de 18% em um ano e 83% em 36 meses.
Fronteira
Com 245 mil hectares de ativos agropecuários sob gestão no Brasil, a Brookfield está olhando oportunidades na região de Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). A estratégia é fazer aquisição no País com um parceiro local, segundo uma fonte próxima à operação. Procurada, a empresa não comentou.
Os fundos CPPIB e o Pátria têm interesse em ativos parecidos. Em 2015, o Pátria criou uma área de negócios para gestão de terras. Os fundos também não comentaram.
- Investidores árabes e chineses sondam as empresas brasileiras em busca de parceria para garantir segurança alimentar – disse uma fonte de uma grande empresa que atua no Brasil.
Enquanto os fundos de investimentos retomam o apetite por propriedades agrícolas, as tradicionais empresas do setor, como a SLC Agrícola e a Vanguarda Agro seguem mais cautelosas.
Arlindo Moura, presidente da Vanguarda, disse que a companhia está reestruturando suas dívidas, de R$ 978,1 milhões (total bruto de 2015), para alongar os prazos de pagamentos, e que os planos de expansão serão retomados quando as condições de mercado estiverem melhores. A V-Agro tem sob gestão cerca de 179 mil hectares de terras, entre própria e arrendada.
Já a SLC Agrícola, que fez várias aquisições nos últimos anos, também está com o pé no freio. A dívida total da companhia beira R$ 1,09 bilhão. A receita cresceu 17,5%, para R$ 1,761 bilhão. A palavra de ordem é esperar o cenário macroeconômico acalmar para repensar os futuros negócios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Globo Rural