Conhecimentos e novas tecnologias destinadas ao aumento de produtividade e competitividade da seringueira no Brasil estão sendo apresentados em curso internacional para um grupo de técnicos envolvidos no apoio a produtores da região tropical úmida do México. O curso acontece de 4 a 6 de novembro de 2015, na Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus (AM), e tem continuidade de 9 a 13 de novembro no estado de São Paulo, que é o estado com maior produção de borracha natural no País.
Na abertura do curso, o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Rossi, citou que a seringueira é uma árvore que historicamente gerou riqueza no Amazonas, em meados do século 19 e 20, com o extrativismo da borracha, porém esse modelo perdeu competitividade perante os plantios de seringueira na Ásia. Por outro lado, as tentativas de desenvolver cultivos de seringueira na região Amazônica foram fracassadas com o ataque da doença "mal das folhas", causada pelo fungoMicrocyclus ulei, de ocorrência na região tropical úmida. Atualmente o Brasil não produz o suficiente e precisa importar dois terços de seu consumo de borracha natural. Rossi destacou que o trabalho de pesquisa da Embrapa desenvolveu tecnologias – como a combinação de clones que formam a seringueira tricomposta resistente ao mal das folhas – que tornam possível cultivar seringueira nas áreas tropicais úmidas.
De acordo com o pesquisador Elías Ortiz Cervantes, do Instituto Nacional de Investigaciones Forestales, Agrícolas y Pecuarias (INIFAP), participante do curso, há muito interesse em conhecer as pesquisas realizadas na Embrapa para gerar seringueiras resistentes, pois os cultivos no México também são afetados pela doença, conhecida em seu país como "mal suramericano de las hojas". Segundo Cervantes, os sistemas produtivos de seringueira no México têm mais de 70 anos, porém ainda são muito rudimentares, com produção de 1.3 Tonelada/hectare/ano, quando o potencial é de 2.5 T/ha/ano.
"Poder contribuir com esse curso de cooperação com o México mostra que o trabalho de pesquisa da Embrapa feito com seringueira na Amazônia brasileira é interessante para o mundo, permite que possamos difundir nossas tecnologias e possibilita ainda o intercâmbio de experiências, uma vez que o México tem investido na heveicultura em algumas de suas regiões", comenta o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Cordeiro, que integra a coordenação do curso em Manaus.
Cooperação Técnica Internacional
Esse curso sobre a cultura da seringueira integra uma série de capacitações realizadas pela Embrapa, em vários estados brasileiros, atendendo ao projeto de cooperação técnica internacional "Formação de Técnicos Especializados em Agricultura, Pecuária e Silvicultura Tropical para o Desenvolvimento das Zonas Tropicais do México: Tecnologia de Produção e Certificação de Plantas para Viveiros Tropicais". O projeto tem o objetivo de formar líderes no conhecimento de novas tecnologias que tenham impacto na região tropical úmida do México, para o aumento da produtividade e competitividade de sete culturas: cacau, café, citros, coco, seringueira, palma africana (dendê) e florestas.
No Amazonas, a cultura da seringueira é o segundo tema em que a Embrapa Amazônia Ocidental está colaborando dentro deste projeto de cooperação com o México. O outro tema foi a cultura da palma de óleo, abordado em curso de 20 a 23 de outubro de 2015 para outro grupo de técnicos mexicanos.
O curso sobre a cultura da seringueira, em Manaus, é ministrado por seis pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, que abordam os seguintes tópicos: "Histórico e evolução da seringueira na Amazônia", com o pesquisador Everton Cordeiro; "Doenças da seringueira", com o pesquisador Luadir Gasparotto; "Técnicas de micropropagação na seringueira", com pesquisadora Regina Quisen; "Aspectos fisiológicos da seringueira", com pesquisador Ronaldo Morais; Aspectos nutricionais da seringueira", com o pesquisador José Clério Rezende, "Custo de produção da seringueira", com o pesquisador José Olenilson Pinheiro; "Preparo de sementeira, repicagem, transplantio e condução de viveiro e jardim clonal, tratos culturais, enxertia de painel e copa, técnicas de sangria", com o pesquisador Everton Cordeiro.
A programação em São Paulo, de 9 a 13 de novembro, é conduzida com apoio da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor) e do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), com atividades na Apabor em São José do Rio Preto; no Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC em Votuporanga; na Embrapa Instrumentação, em São Carlos, e em outros municípios. O secretário-executivo da Apabor, Heiko Rossmann, e o pesquisador Embrapa/IAC, Paulo Gonçalves, coordenam essa etapa .
Sobre a cooperação Brasil – México
O projeto é viabilizado pelo acordo de cooperação técnica entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Nacional de Investigaciones Forestales, Agrícolas y Pecuarias (Inifap-México) e a Agencia Mexicana de Cooperación Internacional para el Desarrollo (AMEXCID) firmado em agosto de 2015. As capacitações vêm acontecendo desde setembro e envolvem cerca de 90 técnicos e pesquisadores mexicanos da área de Ciências Agrárias, distribuídos em cursos em diferentes regiões brasileiras de acordo com os temas de interesse. O financiamento do projeto é do governo mexicano e a contrapartida do Brasil refere-se às horas de trabalho dos instrutores disponibilizados pela Embrapa e instituições parceiras envolvidas na capacitação.
Por ocasião do início das capacitações, o diretor-executivo de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior, destacou que "a iniciativa demonstra o reconhecimento da competência da Embrapa como instituição promotora da inovação nos trópicos e oportuniza a troca de experiência entre os técnicos e pesquisadores envolvidos, indicando possibilidades de parcerias futuras".
Fonte: Embrapa
Fonte: Canal do Produtor