As abelhas sem ferrão cumprem um
papel fundamental na perpetuação de diversas espécies vegetais. A serviço do
ecossistema, elas são responsáveis pela polinização de até 90% da flora
brasileira, além de importantes aliadas no desenvolvimento de culturas agrícolas.
Em 2006, a preocupação com a
conservação das espécies de abelhas sem ferrão (também conhecidas como
meliponídeos ou abelhas nativas) atingiu o então estudante de agroecologia
Felipe Thiago de Jesus, que, na época, começava a direcionar sua carreira
profissional para este objetivo. O primeiro contato com a meliponicultura
(criação racional de abelhas sem ferrão) se deu por meio do curso do SENAR-PR,
promovido para um grupo de alunos da faculdade.
“Na época, eu nunca tinha ouvido
falar sobre as abelhas sem ferrão e o curso do SENAR-PR chamou atenção. Eu
lembro que o professor até se emocionou falando sobre a importância destas
abelhas, fato que me comoveu. Percebi que tinham poucos jovens buscando esse
conhecimento. Ali decidi que queria trabalhar com as abelhas, então comecei a
procurar os produtores, associações, fazer outros cursos”, conta Jesus.
Atualmente, o agroecólogo é o
responsável pelo projeto Jardins de Mel de Curitiba, iniciativa que fomenta a
reintrodução e preservação das abelhas nativas no ecossistema. O projeto,
implantado em 2017, foi idealizado por Jesus a pedido do prefeito Rafael Greca.
“Eu sempre trabalhei por conta. Além de criar as abelhas, dava cursos e
palestras na comunidade e no exterior. Até que um dia o prefeito ligou perguntando
se eu era o ‘Felipe das abelhas do bem’ e pediu para eu fazer uma proposta para
Curitiba”, revela.
A partir disso, Jesus desenvolveu
o projeto para instalar meliponários em espaços da cidade, incentivando a
conscientização ambiental e promovendo conhecimento para a população. Hoje,
Curitiba já possui mais de 60 jardins de mel espalhados em parques, praças,
escolas e hortas comunitárias. Os locais escolhidos recebem colmeias de cinco
espécies diferentes: mandaçaia, jataí, manduri, mirim e guaraipo.
Ainda, por meio do projeto, a
prefeitura oferta cursos sobre as abelhas sem ferrão para a comunidade, com
aplicações teórica e prática. O projeto recebe apoio integrado das Secretarias
de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN), Meio Ambiente (SMMA) e Educação
(SME).
Educação para preservar
Na coordenação dos Jardins de
Mel, Jesus conta com a parceria da bióloga Solange Regina Malkowski, também
especialista na criação de abelhas sem ferrão, que auxiliou para que o projeto
saísse do papel. A bióloga atua no meliponário do Museu de História Natural de
Curitiba, que oferece subsídio para as colmeias instaladas pela cidade.
“Tomamos muito cuidado com os
locais de instalação e a estrutura, colocando as colmeias próximas à vegetação
necessária para as espécies. Mas, se acontecer algum problema com os Jardins,
temos esse suporte para cuidar das abelhas”, explica Solange.
Segundo a bióloga, a
receptividade da população tem sido muito positiva e, inclusive, muitos
demonstram interesse em criar as abelhas em casa. “Nós oferecemos todas as
orientações e até indicamos produtores da Região Metropolitana com quem as
pessoas podem entrar em contato. Estamos muito contentes com os resultados e
que a população esteja se conscientizando sobre a importância das abelhas e da
polinização, pensando no cuidado com o meio ambiente e buscando conhecimento
para ajudar da melhor forma”, destaca.
Para o idealizador e coordenador
do projeto, este trabalho vem se consolidando como um instrumento de incentivo
ao desenvolvimento da atividade dentro do espaço urbano. Por meio da criação de
abelhas, a população também pode contribuir para preservação do meio ambiente e
da biodiversidade. “Os Jardins de Mel são voltados para o despertar da
consciência ecossistêmica do cidadão”, finaliza.
SENAR-PR oferta curso de meliponicultura
A capacitação do SENAR-PR que
inspirou o agroecólogo Felipe Thiago de Jesus está à disposição dos produtores
e trabalhadores rurais do Estado. O curso, com foco na criação racional de
abelhas sem ferrão, tem carga-horária de 32 horas. Dentre os conteúdos
ministrados estão conceitos básicos sobre as abelhas nativas, como distribuição
geográfica, tipos de ninho e estrutura das colônias, até noções práticas sobre
instalação e manutenção de um meliponário e aproveitamento do mel.
Desde 2004, quando passou a ser
ofertado, mais de 5,6 mil pessoas já fizeram o curso de meliponicultura do
SENAR-PR. Apenas nos municípios que fazem parte da regional de Curitiba, mais
de 2,3 mil pessoas passaram pela capacitação.
Para mais informação sobre a capacitação e agendamento futuro, basta acessar o site www.sistemafaep.org.br ou procurar o sindicato rural local. No momento, por conta da pandemia do novo coronavírus, os cursos presenciais do SENAR-PR estão temporariamente suspensos.
A notícia Curso do SENAR-PR inspirou projeto Jardins de Mel, em Curitiba apareceu pela primeira vez em Sistema FAEP.
Fonte: Sistema FAEP