Um público de mais de 130 pessoas, entre agricultores, autoridades e extensionistas da Emater/RS-Ascar, esteve reunido na última sexta-feira (22/02), na propriedade do agricultor Jair Freiberger, de Alto Feliz, para um Dia de Campo sobre Cultivo Protegido de Uvas de Mesa, tecnologia cuja demanda tem aumentado na região. Na ocasião, em duas estações, técnicos da Embrapa Uva e Vinho discutiram temas como Manejo das cultivares BRS Vitória, BRS Ísis e BRS Núbia em cultivo protegido, Qualidade das mudas e Implantação do vinhedo.
Em uma terceira estação, o extensionista da Emater/RS-Ascar de Bento Gonçalves, Thompsson Didoné, destacou a Lei do Vinho Colonial que, desde 2014, simplifica a formalização de agroindústrias de vinhos, a partir de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e por meio da participação no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf) do Governo do Estado.
“Isto descomplica a estruturação dos empreendimentos, possibilitando às famílias rurais fonte de renda e manutenção da tradição cultural de produção de vinhos coloniais”, salienta Didoné.
Em sua fala, o extensionista reforçou os requisitos e limites para a produção e comercialização, caso da necessidade de se produzir um volume máximo de 20 mil litros de vinho por ano, com 100% das uvas utilizadas na elaboração dos vinhos provenientes de cultivo próprio.
“Da mesma forma, a comercialização deve ser feita diretamente ao consumidor na propriedade, por meio de feiras ou em associações e cooperativas”, frisa Didoné, que abordou ainda o passo a passo para a regularização fiscal, sanitária e ambiental.
O evento foi concluído com manifestação do anfitrião da tarde, que é pioneiro em cultivos protegidos no município, especialmente os de mesa. Com 4.500 plantas distribuídas em 0,3 hectares, Freiberger salienta o fato de a uva de mesa ser uma excelente alternativa, especialmente para os agricultores que primam pela qualidade.
“No meu vinhedo chego a ter cachos de uvas reservados antes mesmo da colheita”, afirma.
Somente na última safra foram sete toneladas de uvas de mesa colhidas, com preços que podem chegar até R$ 15,00 o quilo, dependendo da variedade.
Com placas espalhadas pela propriedade, solicitando aos visitantes que não belisquem os cachos, o produtor comenta que todo o processo envolve um manejo adequado que vai se refletir na sanidade das uvas entregues ao consumidor. Parceira de Freiberger, a Embrapa Uva e Vinho viu em sua propriedade a oportunidade para transformar o seu vinhedo em uma unidade experimental.
“Na verdade, a gente tá sempre aprendendo, praticando, errando, acertando”, observa o anfitrião em relação aos cuidados com as uvas. “E, num dia como o de hoje, essa troca de conhecimentos se torna ainda mais importante”, avalia.
O evento contou com a presença de lideranças, como os gerentes regional e adjunto da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli e Carlos Lagemann, e o pesquisador e chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton. Brandoli destacou a importância da disseminação de novas tecnologias e da troca de experiências entre os envolvidos, enfatizando a sucessão na família Freiberger, já que o filho Jaílson também trabalha na propriedade. Já Botton valorizou a parceria para a consolidação do dia de campo, que busca apresentar tecnologias de alta qualidade e viáveis para os agricultores.
Fonte: Embrapa