asitio-arvores-web

CULTIVO DE UMA MINIFLORESTA

Há 16 anos, a psicóloga Cíntia Bello e o químico Douglas Bello deixaram a vida em São Paulo para se lançar na primeira experiência agrícola de suas vidas, o plantio de frutas nativas num sítio de apenas 10 hectares em Paraibuna, no interior do Estado. Batizado de Sítio do Bello, o negócio é um bom exemplo de que o sucesso nem sempre depende de uma grande propriedade rural.

Por ano, o casal colhe cerca de 20 toneladas de frutas pouco conhecidas, como uvaia, grumixama, araçá, baru, jenipapo, biribá, cambuci, cambucá e gabiroba. Segundo Cíntia, houve um aumento no consumo de frutas nativas nos últimos anos.

- Também aumentou a procura de alguns setores como o gastronômico, farmacêutico e universidades que realizam pesquisas – afirmou.

Matéria-prima inusitada

Com a oferta de um produto diferenciado, eles conseguiram atrair a atenção de grandes empresas, como a multinacional francesa L’Occitane, para a qual  já forneceram aproximadamente três toneladas de matéria-prima para a fabricação de cosméticos, principalmente o jenipapo, fruta muito procurada pelo setor.

Além de clientes como restaurantes e docerias, o Sítio do Bello tem a própria marca para vender frutas congeladas ou em forma de produtos derivados, como sorvetes, geleias e biscoitos.

- O nosso carro-chefe é a uvaia, mas também tem muita procura por cambuci, amora silvestre, araçá, pitanga e jabuticaba – diz Cíntia.

O principal investimento no sítio foi a construção de um galpão para a manipulação das frutas. O casal agora quer viabilizar outro projeto, a geração de energia eólica ou solar para abastecer a demanda por energia do sítio.

A minifloresta no interior de São Paulo

Bello conseguiu implementar um sistema diversificado e sustentável, com um manejo que tem muito a ensinar sobre restauração de áreas degradadas e a produção de frutas típicas do Brasil.

- Resolvi montar o projeto de plantar frutas nativas em sistema agroflorestal, visando imitar uma floresta, como forma de reflorestar áreas – diz o químico.

Foram plantadas cerca de seis mil árvores de 60 espécies, entre nativas, exóticas e tradicionais.  A taxa de reposição fica em torno de 2 a 5% por ano.

Douglas Bello produz 20 toneladas de frutas por ano

Segundo Belo, o projeto se apoia em práticas sustentáveis.

- Além de adubação verde, utilizamos esterco e outros compostos orgânicos para fertilização e com todo resíduo orgânico da manipulação das frutas é feita compostagem, assim como nosso lixo orgânico residencial – conta Bello.

Padronização

Agora, para conseguir ampliar o negócio, o casal espera melhorar a produtividade e padronizar a colheita.

- Temos que desenvolver técnicas de manejo, testar, testar e testar – diz Bello.

São sete hectares cultivados e três hectares de mata remanescente, onde Cíntia e Bello também cultivam frutas tradicionais, como acerola, abacate e goiaba, que servem como referência para que eles avaliem a produtividade do sítio.

O manejo também exige muito empenho por ser muito mais complexo do que numa monocultura (cultivo de apenas uma espécie).

- Temos que lidar com essa questão de achar o melhor ponto entre poda, arejamento, produção e luminosidade – afirma o agricultor.

Os próximos desafios do casal são elevar a produtividade, identificar as árvores mais produtivas e aperfeiçoar a aplicação de fertilizantes.

Em relação às doenças, Bello conta que os fungos e ferrugem em mirtáceas exigem atenção.

- Nós tratamos basicamente com calda bordalesa e manejo da luminosidade através de podas, tentamos ao máximo combater de forma física, com checagem e proteção física dos frutos, como sacos de papel e armadilhas para moscas – diz.

Fonte: Sfagro



avatar

Envie suas sugestões de reportagens, fotos e vídeos de sua região. Aqui o produtor faz parte da notícia e sua experiência prática é compartilhada.


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.