A demissão de 153 funcionários da fábrica de colheitadeiras da Massey Ferguson, em Santa Rosa, pode ser só o começo de uma crise anunciada no setor de máquinas e implementos agrícolas no país. Impactadas pela retração nas vendas desde o ano passado, fabricantes estão reduzindo o ritmo de trabalho nas linhas de produção para se ajustar ao momento de retração da economia brasileira.
A intenção inicial da empresa, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rosa, era demitir 300 trabalhadores — quase a metade de um total de 700 funcionários da unidade. Em negociação com a categoria nesta semana, os desligamentos imediatos foram reduzidos para 153.
Outras 147 pessoas foram incluídas em um programa de suspensão de contrato. A proposta, válida por quatro meses, será avaliada em assembleia da categoria. Se aceita, os trabalhadores receberão seus salários integralmente nesse período e farão cursos de formação em metalurgia — subsidiados pela empresa. Após, a empresa irá decidir se os funcionários retornam à produção ou se serão demitidos.
— O impacto desta crise é imenso, a recolocação desses trabalhadores é complicada. Em pouco mais de um ano, foram mais de 1,2 mil demissões no setor metalmecânico em oito cidades da região — lamenta João Roque dos Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rosa.
E o efeito será em cascata. Sistemistas que fornecem componentes às fábricas também são impactados. A Massey Ferguson, que em 2014 fabricou 1,2 mil colheitadeiras na unidade do noroeste gaúcho, reduziu a produção para 600 unidades neste ano. Do total programado, 300 já foram montadas até o final de março. A ociosidade fará a linha de colheitadeiras ficar parada nos próximos quatro meses.
Em nota, a AGCO, proprietária da marca Massey Ferguson, informou que, diante da queda de vendas de todo o setor de máquinas e equipamentos, precisou ajustar a demanda em relação ao mercado.
— Sabíamos que não iríamos escapar da recessão que o país está vivendo. Talvez não sofreremos tanto quanto a indústria em geral, em razão da supersafra, mas as demissões serão inevitáveis — avalia Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers).
Fonte: Zero Hora
Foto: Eduardo Beleske / Agencia RBS