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CRISE MAIS QUE DOBRA GARANTIAS DE CRÉDITO

A crise econômica e as altas taxas de inadimplência aumentaram a contratação de seguros de crédito interno. Só no primeiro trimestre de 2016, o mercado já arrecadou R$ 44,2 milhões em sinistros, alta de 38% em relação a igual período do ano passado.Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), apesar de os mais de R$ 44 milhões arrecadados nos três primeiros meses deste ano já representarem 14,9% dos sinistros recebidos durante 2015, o valor é equivalente a mais de 50,4% do que o observado em todo o ano de 2014.
De acordo com Patricia Krause, economista da Coface, apesar de os dados do Banco Central (BC) apresentarem taxas mais moderadas de elevação, a constante preocupação da indústria com a inadimplência é o fator que mais alavanca este produto em época de crise.
Nós tivemos uma procura maior por seguro de crédito porque as empresas estão preocupadas com a crescente inadimplência. E mesmo com os dados do BC estarem em um crescimento mais moderado, quando a gente pega os calotes da indústria, são números absurdamente maiores do que isso. Mas é importante lembrar que mesmo com o aumento da procura, o crédito em si, por outro lado, fica mais restritivo. A partir daí, é preciso adequar o produto ao cenário da empresa contratante , identificou a especialista.
Voltado para assegurar pessoas jurídicas, o seguro de crédito interno, ou doméstico, garante a indenização da empresa segurada (credora), caso ela não venha a receber os créditos cedidos aos seus clientes (os, então, devedores). As cinco modalidades do produto envolvem: riscos comerciais, quebra de garantia, operações de consórcio, operações de empréstimo hipotecário e operações de leasing (arrendamento mercantil).
Para Krause, como a legislação brasileira é muito benevolente quando voltada para esse tipo de produto, a maior preocupação das seguradoras está voltada para o constante aumento de pedidos de recuperação judicial.
Segundo a Serasa Experian, o primeiro trimestre deste ano representou uma alta de 114% em relação a igual período de 2015, com as micro e pequenas empresas liderando os requerimentos, com 229 pedidos.
Com esse cenário forte de recuperação judicial, as empresas acabam contratando o seguro porque percebem que não há quem não corra risco. Mas isso também gera uma grande preocupação pra gente. É algo que realmente cresceu muito no último ano, e legislação brasileira é muito benevolente, onde a pessoa jurídica fica oito anos de recuperação, passa a pagar somente depois de dois ou três anos, entre outros. Apesar de ser uma ferramenta viável, com mais empresas se utilizando desse artifício, fica tudo mais incerto do que já está , explica Krause.
Os dados da Susep ainda apontam que o volume de sinistros desse produto mais do que dobrou em 2015 quando comparado ao ano exatamente anterior, indo de R$ 87,5 milhões em 2014 para R$ 294,7 milhões no ano passado
Para Edmur de Almeida, coordenador da comissão de crédito, garantia e fiança do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), a falta de penetração do produto no mercado é um problema cultural do Brasil.
O brasileiro só vai atrás quando a perda passa do esperado, então, na crise, é característico o aumento desse produto no País. O problema é que o critério de aceitação do segurador também fica mais restritivo, o que gera uma retração da oferta , avalia.
Com o cenário econômico ainda fraco e uma vez que o mercado já respondeu ao aumento de risco, a gente realmente espera uma melhora ainda maior em termos de sinistralidade , conclui Krause.
Prestamista
Segundo os especialistas ouvidos pelo DCI, o seguro prestamista, apesar de ser outra vertente de garantia ao crédito, não mostra aumento relevante em épocas de crise.
Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), no primeiro trimestre de 2015, o seguro prestamista movimentou R$ 1,75 bilhão, alta de 5,4% em relação a igual período de 2014.
É um seguro que vem muito a reboque de empréstimos pessoais e tem uma particularidade. Com o crédito mais restrito, é possível notar um aumento em seguros de vida, por exemplo. Mas aqueles produtos vinculados a compras de carros e imóveis, por outro lado, caem drasticamente , afirma Almeida, do Sincor.
Fonte: DCI

Fonte: Canal do Produtor



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