Com exceção de Sergipe, todos os estados brasileiros viram as suas exportações crescerem em 2017, com destaque para as vendas de automóveis, minério de ferro, soja, óleo bruto de petróleo e carnes.
Para especialistas, a tendência é que as unidades da federação (UFs) continuem expandindo o valor vendido aos outros países em 2018, porém, não no mesmo ritmo do que no ano passado, quando as exportações avançaram 17,5%, a US$ 217 bilhões.
Além das vendas externas terem saído de uma base muito deprimida em 2016, a safra agrícola recorde de 2017 não irá se repetir este ano, enquanto a expectativa de uma expansão maior da economia brasileira em 2018 fará com que a demanda interna aumente a sua participação na produção industrial do País.
O professor de economia da ESPM, Orlando Assunção Fernandes, avalia que se as eleições provocarem algum choque no câmbio, este será no sentido de gerar uma desvalorização do real em relação ao dólar, o que favorecerá a rentabilidade dos principais estados exportadores de manufaturados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Amazonas (Zona Franca de Manaus), por exemplo.
- A taxa de câmbio média atual, aproximadamente em R$ 3,30, já é competitiva para as vendas externas do País. É muito difícil que ela fique muito abaixo deste valor neste ano, cenário que já não seria tão bom para as exportações – considera Fernandes.
Já o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marcos Antonio de Andrade, espera que o câmbio fique entre R$ 3,50 e R$ 3,60 este ano, o que na sua avaliação, não é necessariamente benéfico para a exportação industrial.
- Geralmente, quem trabalha com manufaturados, precisa importar insumos que ficarão mais caros com um câmbio rodando em R$ 3,60. Então, isso pode encarecer os produtos, atrapalhando a performance das vendas – opina o professor.
Alta significativa
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviço (Mdic) mostram que o estado de São Paulo – que participou em 23,2% do total dos embarques nacionais – exportou US$ 50,662 bilhões em 2017, aumento de 9,64%, em relação ao ano de 2016. Somente as vendas de automóveis, autopeças e veículos de carga corresponderam a US$ 4,8 bilhões do total. Tiveram relevância ainda nas exportações paulistas, o açúcar, cujo valor exportado foi de US$ 5,562 bilhões, além de aviões, que geraram receita de US$ 3,438 bilhões.
Já as exportações do Rio de Janeiro tiveram alta de 26,34% no ano passado, para US$ 21,711 bilhões, com as vendas de óleos brutos de petróleo participando em 60,4% desse valor. Os embarques de automóveis, autopeças e veículos de carga, por sua vez, somaram US$ 1,021 bilhão, enquanto as exportações de barcos totalizaram US$ 903 milhões no ano passado.
As vendas externas do Paraná cresceram 19% em 2017, para US$ 18 bilhões, com destaque para os embarques de soja (US$ 4 bilhões), carnes de frango (US$ 1,646 bilhões) e automóveis e autopeças (US$ 1,586 bilhões). As exportações do Rio Grande do Sul, por sua vez, cresceram 7,3%, para US$ 17,7 bilhões, impulsionadas por soja (US$ 4,6 bilhões), fumo (US$ 1,3 bilhão), como também por automóveis e autopeças (US$ 1,132 bilhões).
As vendas do estado do Amazonas, por sua vez, avançaram 17%, para US$ 673 milhões, sendo US$ 182 milhões de insumos para bebidas e US$ 157 milhões de motocicletas e partes de motocicletas, mostra o Mdic.
Fernandes, da ESPM, destaca que as vendas de automóveis tiveram crescimento expressivo para países vizinhos em 2017, como Argentina (+43%), Chile (+98%), Uruguai (+59%) e Colômbia (+50%) e que a tendência é que essas nações continuem comprando este ano.
- No entanto, essa expansão [na venda externa de automóveis] não terá o mesmo salto que teve em 2017. Primeiro, pela baixa base de comparação [em 2016] e, segundo, porque com o aquecimento da economia nacional, uma fatia maior da produção será direcionada para o mercado interno – comenta Assunção Fernandes.
Commodities
O professor da ESPM ressalta ainda que, diante da meta do governo da China de reduzir a poluição, o país passará a demandar minério de ferro de mais qualidade, ou seja, que seja menos poluente, produto que, hoje, o estado do Pará tem condições de oferecer.
- O complexo minerador S11D [no sudeste do Pará] produz um minério que é menos poluente – reforça Fernandes, pontuando que isso favorecerá as vendas para a China.
Por outro lado, Andrade do Mackenzie avalia que a tendência para os preços das commodities agrícolas e minerais é de estabilidade ou de leve queda, o que sinaliza que as exportações desses produtos não devem verificar crescimento expressivo como o registrado no ano passado.
As exportações do Pará subiram 37,8%, para US$ 14 bilhões, com destaque para o minério de ferro US$ 7,7 bilhões. Já os embarques do Mato Grosso cresceram 17%, para US$ 14 bilhões, puxados pela soja (US$ 6,8 bilhões). Cenário semelhante ocorreu com as vendas de Goiás, que registraram elevação de 16,5%, para US$ 7 bilhões, também com bom desempenho da soja (US$ 1,8 bilhão).
No Nordeste, destacam-se as exportações da Bahia (+19%, a US$ 8 bilhões), com principal pauta da soja (US$ 1,2 bilhão), além de Pernambuco (+38%, US$ 1,9 bilhão), impulsionadas por veículos e partes (US$ 736 milhões).
Fonte: Diário do Comércio & Indústria