O produtor ampliou a procura pelo crédito conservador, com juros fixos e em instituições financeiras, na compra de insumos para o plantio da safra 2019/2020, iniciada oficialmente dia 1º. Com o cenário incerto causado pela disputa econômica entre Estados Unidos e China e a indefinição de preços internacionais de grãos, perdeu força a prática do barter, ou seja, a troca de sementes, fertilizantes e defensivos pela produção futura. A avaliação, feita ao Broadcast Agro, é de Walmir Fernandes Segatto, diretor-presidente executivo da Credicitrus, maior cooperativa de crédito do País.
“Como há a dúvida em relação ao mercado internacional, o produtor prefere procurar crédito para fazer frente às despesas, em vez de linhas de troca, como o barter”, disse. Segundo ele, normalmente agricultor amplia a procura pelo crédito tradicional entre julho e agosto, mas a incerteza até sobre como seria o Plano Safra 2019/2020 estimulou a busca por linhas de financiamento fixas e conservadoras já em maio. “O produtor tem muitas variáveis de risco, como o preço e clima, e tem de estar bem posicionado. Com o cenário indefinido, buscou o crédito mais conservador”, afirmou.
Além da demanda incomum criada pela incerteza, outro fator que favorece a tomada de crédito é o aumento da oferta de recursos para as instituições financeiras a partir das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). No atual Plano Safra, o governo autorizou a elevação de 35% para 50% da exigibilidade para o crédito da carteira das operações com as LCAs.
“Como temos carteira de mais de R$ 1 bilhão, esse volume destinado ao crédito, com juros competitivos entre 8,5% e 10% (ao ano), saiu de R$ 350 milhões para R$ 500 milhões. Vamos elevar um pouco mais em valores e volumes na safra”, disse o diretor-presidente executivo da Credicitrus.
Além disso, Segatto cita o incentivo do Banco Central (BC) ao modelo do crédito cooperativo como alavanca de oportunidades para mercado financeiro. Prova disso é a meta da autoridade monetária em elevar a fatia das cooperativas no sistema financeiro nacional dos atuais 8% para 20%.
“Temos que nos organizar, estar preparados, com modelos diferenciados. Espaço para crescer tem”, afirmou.
A Credicitrus disponibilizou R$ 5 bilhões em crédito para o financiamento da safra 2019/2020 já durante a Agrishow, entre 29 de abril e 3 de maio, prevendo uma antecipação da demanda por crédito diante da expectativa de alta de juros e das incertezas internacionais. Só na feira, em Ribeirão Preto, foram cerca de R$ 225 milhões em crédito, quase quatro vezes o volume de R$ 61 milhões da edição passada.
Fonte: Globo Rural