As cotações do trigo continuaram seu movimento de alta nesta virada de mês, tendo o primeiro mês cotado atingido a US$ 5,60/bushel na quinta-feira (02/08), contra US$ 5,36 uma semana antes. A média de julho ficou em US$ 5,07/bushel, contra US$ 5,00 em junho e US$ 5,04 em julho de 2017.
Após recuar um pouco no início da semana, em função da tomada de lucros por parte dos especuladores, aproveitando-se do fato de que as cotações haviam subido desde o início de julho, as cotações voltaram a se elevar. O bom desempenho das vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, atingindo a 385.900 toneladas na semana encerrada em 19 de julho, ajudou para este comportamento. Todavia, o fator central foi que um Crop Tour, realizado no estado de Dakota do Norte, maior produtor dos EUA em trigo de primavera, indicou potencial produtivo abaixo do esperado devido a problemas climáticos. Por outro lado, são projetadas menores safras na Europa e na Austrália. Junto a isso, o Conselho Internacional de Grãos projeta o volume mundial de trigo, a ser produzido na corrente safra, como sendo o menor em cinco anos.
Enfim, a evolução da colheita de trigo de primavera nos EUA está lenta em relação ao ano anterior (4% colhido, contra 8%), embora a média histórica para a época seja de 4% igualmente. Associa-se a isso problemas com a falta de chuvas em algumas áreas de produção estadunidenses.
Enquanto isso, no Mercosul, a tonelada FOB para exportação se manteve entre US$ 235,00 e US$ 255,00, na compra. Já a safra nova igualmente se manteve em US$ 195,00/tonelada.
No Brasil, os preços do trigo se mantiveram estáveis em relação à semana anterior. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 41,10/saco, enquanto os lotes continuaram em R$ 54,00/saco. No Paraná o valor do saco de trigo no balcão oscilou entre R$ 49,00 e R$ 50,00, enquanto os lotes ficaram entre R$ 60,00 e R$ 63,00. Já em Santa Catarina, o balcão registrou R$ 42,00 a R$ 45,00/saco e os lotes, na região de Campos Novos, R$ 57,00.
De maneira geral as condições das lavouras do sul do Brasil estão boas, porém, há preocupações no norte do Paraná em função da falta de chuvas. Se isso se prolongar, poderemos assistir à quebra de rendimentos naquela região.
Vale destacar que o ano comercial do trigo nacional se encerrou no final de julho com preços muito positivos aos produtores. Na média, a tonelada nos lotes ficou R$ 300,00 mais elevada do que o registrado no ano anterior neste época. Isto representa R$ 18,00/saco a mais, em média.
Todavia, tais preços podem não durar muito tempo, pois com o Real voltando à casa dos R$ 3,70 as importações ficam mais competitivas, enquanto a nova colheita já começará em setembro, com expectativa de uma produção final acima de 6 milhões de toneladas. Isso, desde que o clima não provoque estragos nas próximas semanas, especialmente no Rio Grande do Sul, estado que colhe o cereal apenas a partir do final de outubro. Neste sentido, vale destacar que, segundo o Deral/PR, 18% das lavouras atuais de trigo no Paraná iniciam agosto em situação ruim, 26% em situação regular e 56% em boas condições. Em relação ao boletim anterior, houve piora nas condições das lavouras paranaenses, fato que pode comprometer não só a produtividade final mas, sobretudo, a qualidade do produto a ser colhido.
Fonte: CEEMA / UNIJUI