O dólar firmou trajetória de baixa ante o real nesta quarta-feira após dados mais fracos que o esperado sobre a economia norte-americana esvaziarem as apostas de mais altas de juros no país, com os investidores à espera da reunião do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Na cena interna, os acontecimentos políticos continuavam no radar dos investidores e podem reforçar a cautela nos negócios ao longo da sessão.
Às 10:15, o dólar recuava 0,61 por cento, a 3,2880 reais na venda, depois de fechar a 3,3083 reais na véspera. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1 por cento.
- Para hoje, acho muito difícil o Fed não elevar os juros no país, mas os dados divulgados mais cedo tendem a reduzir as apostas de uma alta adicional este ano – disse o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos José Faria Júnior.
Segundo ele, os números indicam que os dados do começo do ano nos EUA podem não ter sido tão sazonais quanto se imaginava e a economia do país ainda mostra fraqueza.
A última vez que os Estados Unidos elevaram os juros foi no encontro de março deste ano. A chair do Fed, Janet Yellen, dará entrevista a imprensa após o anúncio da decisão e os investidores procurarão pistas para calibrar suas apostas sobre os passos do banco central daqui para a frente.
- Uma sinalização de um Fed mais ‘hawkish’ nesta tarde, no entanto, pode virar o mercado, que agora trabalha com menos aumentos de juros – completou Faria Júnior.
Os juros futuros norte-americanos precificavam 18 por cento de chances de o Fed elevar os juros em setembro, ante 24 por cento ante dos dados conhecidos mais cedo. Também caiu a 46 por cento, de 53 por cento, a expectativa de aumento em dezembro.
No exterior, o dólar registrava queda ante uma cesta de moedas e também caía ante divisas de emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Os investidores também estão de olho em sinalização sobre a redução do portfólio do Fed, de 4 trilhões de dólares em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas.
Internamente, o mercado continuava acompanhando os desdobramentos do cenário político e o feriado de Corpus Christi pode trazer cautela adicional aos investidores.
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha tem depoimento agendado para as 11 horas desta quarta-feira no inquérito a que o presidente Michel Temer responde no Supremo Tribunal Federal (STF).
O BC realizará nesta sessão mais um leilão de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais –equivalentes à venda futura de dólares– para rolagem dos contratos que vencem julho.
Fonte: Reuters