O dólar operava em alta ante o real nesta terça-feira, acompanhando o movimento da moeda norte-americana no exterior ainda à espera do desfecho do encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
Do lado doméstico, o mercado também seguia na expectativa pela lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedidos de abertura de inquéritos para investigar políticos citados em depoimentos de delatores da Odebrecht.
Às 10:22, o dólar avançava 0,35 por cento, a 3,1631 reais na venda, depois de ter subido 0,28 por cento na véspera. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,25 por cento.
- O processo político doméstico causa alguma apreensão e pode amplificar alguma decisão diferente do Fed amanhã – afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.
O mercado acredita amplamente que o banco central norte-americano vai aumentar a taxa de juros pela primeira vez este ano no encontro que termina no dia seguinte. O que gerava expectativa nos investidores era a sinalização que o Fed dará para os próximos passos daqui para a frente.
De modo geral, espera-se três altas de juros este ano pelo Fed e, qualquer sinal de que pode ser mais agressivo no aperto monetário, pode levar a novo ajuste no câmbio.
O Fed divulga sua decisão nesta quarta-feira as 15:00 (horário de Brasília), com entrevista coletiva da chair Janet Yellen em seguida.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas influenciado não só pela expectativa pelo Fed como também pelos riscos políticos das eleições holandesas e francesas, além da saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) pesando sobre as moedas europeias.
O dólar também tinha alta ante divisas de emergentes, como o rand e o peso chileno
Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
Internamente, o mercado continuava cauteloso por conta da lista de Janot, que pode afetar importantes figuras políticas da base e do próprio governo do presidente Michel Temer. O temor é de que esse cenário possa prejudicar a votação de pautas no Congresso Nacional, como a reforma da Previdência.
O Banco Central continuava fora do mercado de câmbio, sem anunciar qualquer tipo de intervenção para esta sessão, por enquanto. Ainda havia no mercado expectativa sobre o que o BC fará com os swaps tradicionais que vencem em abril, equivalente a 9,711 bilhões de dólares, se fará alguma rolagem ou não.
Fonte: Reuters