As cotações da soja, durante a semana, conseguiram romper o teto dos US$ 9,00/bushel, alcançando, para o primeiro mês cotado, a US$ 9,03 no dia 31/07. Todavia, no restante da semana o mercado voltou a ceder, e o fechamento desta quinta-feira (02/08) ficou em US$ 8,82/bushel, contra US$ 8,61 uma semana antes. A média de julho ficou em US$ 8,50, contra US$ 9,25 em junho e US$ 9,94/bushel em julho de 2017.
O início da semana trouxe o comportamento que vinha se desenhando desde meados de julho, com Chicago recuperando lentamente seus preços, após a forte baixa dos últimos meses. O impulso final para este movimento se deu no dia 31/07 quando correu o boato, que alimentou a especulação, de que os EUA e a China teriam reatado negociações para pôr fim ao litígio comercial que envolve ambos os países. Com isso, confirmando nosso alerta da semana passada, Chicago rompeu o teto dos US$ 9,00/bushel após 45 dias abaixo dele. Todavia, o boato foi rapidamente desmentido e no dia seguinte o recuo em Chicago praticamente eliminou os ganhos da véspera. Este recuo, embora mais moderado, continuou na quinta-feira (02/08) quando encerramos este comentário.
Dito isto, novas altas em Chicago não podem ser descartadas por dois motivos: 1) as exportações estadunidenses continuam boas, mesmo com a China praticamente fora das compras; 2) o clima nos EUA ainda é tema central, prevendo-se para agosto, nova massa de ar quente sobre as regiões produtoras do país.
Quanto às exportações, o governo estadunidense já calcula exportar um total de 55,5 milhões de toneladas em 2018/19, contra 62,3 milhões projetados em junho, demonstrando que a saída da China das compras não afeta, por enquanto, em muito o volume vendido.
Por sua vez, na semana encerrada em 19/07, as exportações líquidas de soja pelos EUA somaram 538.100 toneladas, ficando 69% acima da média das quatro semanas anteriores. O maior importador foi a Holanda com 143.300 toneladas. Para 2018/19 as vendas atingiram a 963.800 toneladas na semana indicada. Na soma dos dois anos o mercado esperava um volume entre 400.000 a 900.000 toneladas. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 26/07, atingiram a 740.323 toneladas para o atual ano comercial, que se encerra em 31/08. Com isso, o acumulado anual é de 52,4 milhões de toneladas, contra 54,4 milhões em igual momento do ano anterior.
Quanto ao clima, as chuvas esperadas para o final do mês de julho não ocorreram a contento e o chamado “mercado do clima” tende a continuar pressionando as cotações nos próximos 45 dias. Mesmo assim, as condições das lavouras estadunidenses de soja, em 29/07, foram mantidas com 70% entre boas a excelentes, 22% regulares e 8% entre ruins a muito ruins.
Por outro lado, pressionando para novas baixas esteve o discurso do presidente estadunidense que teria demonstrado intenção de aumentar o percentual da tarifa imposta sobre os produtos importados da China. Entretanto, é bom observar que tal informação está mais para o lado das especulações do que propriamente da realidade.
Já no Brasil, os preços se mantiveram relativamente estáveis durante a semana, com o câmbio se mantendo entre R$ 3,70 e R$ 3,75 por dólar, fato que segurou o movimento altista em Chicago. Além disso, o recuo recente naquela Bolsa, em se mantendo tal câmbio, pode trazer recuo nos preços médios da soja para a próxima semana, embora não se espere nada significativo. Neste sentido, ajuda a manutenção dos prêmios em níveis elevados. Em Rio Grande, por exemplo, a média desta semana fechou em US$ 2,08/bushel, contra US$ 0,66 no final de julho de 2017. Ou seja, estamos diante de um aumento de 215% em um ano nos prêmios portuários.
Aliás, nesta semana, no conjunto dos principais portos brasileiros, os prêmios oscilaram entre US$ 1,73 a US$ 2,22/bushel.
Neste contexto, o balcão gaúcho fechou a semana com o saco de soja valendo R$ 75,84 na média, enquanto os lotes ficaram em R$ 82,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 70,00 em Querência (MT) e R$ 85,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 82,00 no norte do Paraná; R$ 75,50 em São Gabriel (MS); R$ 73,00 em Goiatuba (GO); R$ 68,50 em Pedro Afonso (TO); e R$ 70,50/saco em Uruçuí (PI).
Enfim, as exportações brasileiras de soja em grão, na posição de 31/07, acumulavam um total de 54,9 milhões de toneladas neste ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de fevereiro, contra 50 milhões no mesmo momento do ano anterior. Já para o farelo de soja o volume exportado chegava a 9,2 milhões de toneladas, contra 7,4 milhões no ano anterior. Para o óleo de soja, o país havia exportado 856.600 toneladas, contra 760.500 toneladas no ano anterior. O Brasil espera exportar, no total do ano comercial 2018/19 cerca de 74,5 milhões de toneladas de grãos de soja; 17,2 milhões em farelo e 1,2 milhão de toneladas de óleo de soja (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA / UNIJUI