Produtores de leite de todo o Estado vem sofrendo com a lenta recuperação de preços neste início de ano. Este cenário e as perspectivas do mercado foram pauta da discussão da reunião ordinária da Comissão de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), realizada no estande da instituição na 14ª Technoshow Comigo. O encontro reuniu técnicos e produtores de leite de diversas regiões do Estado na Feira, considerada a maior do Centro-Oeste em exposição de tecnologia agropecuária.
O vice-presidente da Comissão, Charles Humberto de Oliveira, destacou que no atual momento de aumento de custos e de gradual recuperação de preços, o produtor precisa agir com cautela.
- Tivemos um acréscimo nos custos de produção com energia, combustível, mão de obra e outros fatores. Então, este é um momento em que o produtor precisa pensar duas vezes antes de fazer seus investimentos – aconselhou.
Vanessa Silva Lobato Moura, produtora de leite do município de Edéia, relatou alguns dos motivos que causaram o aumento dos custos de sua produção este ano.
- Em janeiro, ficamos sem chuva por 22 dias na minha propriedade. Isso fez com que a gente tivesse que confinar o gado novamente, o que gerou maiores custos com mão de obra, silagem, trator, entre outras coisas – afirma ela.
Para a produtora, a principal atitude para lidar com o momento atual é controlar as despesas da propriedade.
- Os custos realmente estão muito altos e a queda do preço do leite foi bem considerável. Como o que manda no preço é o mercado, devemos trabalhar redução dos custos internos da fazenda e aguardar também o comportamento do clima. Mas já estamos acostumados com a dificuldade e encaramos – defendeu Vanessa.
Apesar das dificuldades do momento, Edson Novaes, gerente de Estudos Técnicos e Econômicos da FAEG, destacou que a tendência é de melhoria do cenário.
- A recuperação está lenta em virtude da queda de preços ocorrida entre os meses de setembro e janeiro, mas a tendência é de recuperação de preços – explicou.
Defesa Sanitária
Entre as reivindicações apresentadas por produtores na última reunião da Comissão de Pecuária de Leite, esteve a solicitação da participação de um técnico da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) para discutir questões inerentes à sanidade animal na produção de leite. Em atendimento à demanda, a FAEG providenciou a presença do presidente da Agrodefesa, Arthur Toledo, na reunião realizada na Tecnoshow.
Os produtores relataram ao presidente dificuldades na emissão de Guia de Transporte Animal (GTA), na obtenção de certificações de área livre de doenças sanitárias e a necessidade de se manter o rigor do controle das fronteiras mesmo com a redução de 18 para seis unidades regionais da Agrodefesa. Sônia Bonatto, membro da diretoria do Sindicato Rural de Ipameri, solicitou ainda a elaboração de uma cartilha para o produtor sobre a vacinação contra a febre aftosa.
- O produtor muitas vezes não comparece às reuniões para saber dos detalhes da campanha de vacinação. A cartilha ajudaria muito – argumentou.
Para o presidente da Agrodefesa, estar presente em reuniões de comissões da Faeg é uma maneira de aproximar a instituição do produtor e de iniciar um processo de mudança nos rumos da instituição.
- Vamos trabalhar com o sentimento de parceria, de que precisamos uns dos outros. Nossa ideia é aperfeiçoar a relação com o produtor e chegar a um momento em que teremos uma agência com número zero de multas. O objetivo final da Agrodefesa é que o produtor melhore de renda, que seus produtos tenham espaço no mercado e que isso gere riquezas para o Estado, e não a fiscalização – garantiu Arthur Toledo, que assumiu a Agrodefesa em fevereiro.
Fonte: Canal Rural