A conservação do solo é a condição básica para que o produtor rural possa continuar produzindo com sustentabilidade, para proteger o meio ambiente sem abrir mão dos ganhos econômicos com a atividade agropecuária. A afirmação foi do vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, na abertura do Simpósio de Conservação do Solo, nesta sexta-feira (4/12), na sede da CNA, em Brasília.
O evento, realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), faz parte das celebrações pelo Dia Internacional do Solo, comemorado no dia 5 de dezembro.
- O Brasil, em termos de solo e sustentabilidade, é um exemplo para o mundo. Pelo que representa o sistema produtivo para o país, o solo é a condição básica para continuarmos produzindo e crescendo – ressaltou.
Schreiner citou exemplos brasileiros de técnicas sustentáveis de produção, como o plantio direto e destacou ações desenvolvidas pelo Sistema CNA/SENAR, como o Programa de Proteção de Nascentes.
- São ações extremamente simples, mas que, se não observarmos a tempo, podem se tornar um problema grave. Assim como a conservação do solo, devemos conservar a qualidade da nossa água para que a qualidade de vida das famílias que consomem o que produzimos possa melhorar cada vez mais e por um longo tempo – afirmou o vice-presidente.
Para o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, a conservação do solo deve ser incluída na agenda mundial de discussões sobre o clima, principalmente neste momento em que os países discutem as mudanças climáticas na COP-21, em Paris.
- É uma questão tão importante como o clima, já que 95% dos alimentos vêm do solo. Ou conservamos o solo ou ficamos sem comida e essa é a hora de assegurar a produção com sustentabilidade – disse o dirigente.
Ele também apresentou um relatório elaborado pela FAO sobre as principais problemáticas em relação à governança do solo. Entre as conclusões do estudo, estão o vácuo sobre políticas públicas em nível mundial, baixos investimentos e a necessidade de fortalecimento das instituições que tratam do tema. A FAO, a partir deste documento, vai desenvolver um banco de dados para monitorar as condições e qualidades do solo e propor políticas de recuperação e manejo do solo.
Já o secretário de Controle Externo da Agricultura e do Meio Ambiente do Tribunal de Contas da União (TCU), Junnius Marques Arifa, apontou a existência de várias legislações que se contradizem sobre o tema e a falta de conhecimento para dar efetividade às políticas públicas de conservação do solo. Também estiveram presentes na abertura o secretário-executivo do SENAR, Daniel Carrara, e o presidente da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), Paulo Guilherme Cabral.
Programação – A agenda do evento teve várias palestras sobre temas voltados para a conservação do solo. O coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, falou sobre as propostas da CNA para proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas brasileiros. Em seguida, o pesquisador Arnaldo Colozzi Filho, do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), falou sobre o manejo e a conservação de solos agrícolas. Na sequência, Luiz Adriano Maia Cordeiro, da Embrapa cerrados, abordou o tema “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) – Intensificação Sustentável do Uso do Solo”.
Elvison Nunes Ramos, coordenador de Uso e Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), fez uma exposição sobre o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) como veículo de recuperação dos solos no Brasil. Por último, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), falou sobre a recuperação de vegetação nativa como alternativa de renda para o produtor rural.
Fonte: CNA