A safra de soja 2018/19 do Brasil, em fase de plantio, deve se manter estável ou mesmo cair ante o ciclo anterior, com rendimentos menores atenuando o aumento de área, afirmou nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em uma visão mais conservadora se comparada à do mercado.
Ainda assim, o país tem potencial para colher um volume recorde de grãos e oleaginosas no atual ciclo graças à esperada recuperação das lavouras de milho, acrescentou o órgão do governo.
Em seu primeiro levantamento para a safra vigente, a Conab estimou uma colheita de soja entre 117,04 milhões e 119,42 milhões de toneladas, ante históricos 119,28 milhões em 2017/18.
Em recente pesquisa da Reuters, analistas e consultorias apostaram em uma safra maior, próxima a 120,40 milhões de toneladas, no Brasil, o maior exportador global da commodity.
Conforme a Conab, a estimativa menos otimista que a do mercado leva em conta uma possível queda na produtividade, para 3,30 toneladas por hectare (-2,7 por cento), apesar de a área poder crescer para um recorde entre 35,44 milhões e 36,17 milhões de hectares, de 35,15 milhões em 2017/18.
A soja é a principal cultura agrícola do Brasil e item de grande peso na pauta de exportação do país. Segundo a Conab, a expansão no plantio reflete os ganhos obtidos pelos sojicultores neste ano marcado por grande apetite chinês e alta do dólar.
“A soja, pela sua demanda, é um produto com forte liquidez e a despeito das expectativas da grande safra norte-americana, os preços ainda estão em patamares considerados remuneradores pelos produtores”, afirmou a estatal em relatório.
“O ambiente que antecede as eleições, combinado com a volatilidade do dólar, tem proporcionado um quadro de suporte dos preços no âmbito interno, reforçando a aposta dos produtores no incremento de área para a oleaginosa”, acrescentou a Conab.
Atualmente, a referência do Cepea, da Esalq/USP, para a saca de soja está perto de 90 reais, contra 70 reais há um ano. Em contrapartida, os preços da commodity na Bolsa de Chicago trabalham no terreno de 8 dólares por bushel, perto do menor nível em uma década, em razão da disputa entre Estados Unidos e China.
SAFRA RECORDE
Embora as perspectivas da Conab para a safra de soja vigente sejam mais tímidas, a tendência é de que produção total de grãos e oleaginosas do Brasil cresça ante 2017/18, podendo atingir um recorde, graças ao milho, cultura que no último ano foi prejudicada por uma área plantada menor e condições climáticas adversas.
A produção total de milho do Brasil em 2018/19 deve atingir algo entre 89,73 milhões e 91,08 milhões de toneladas, contra 80,78 milhões de toneladas em 2017/18, oferta esta que permitiria ao país exportar um volume recorde do cereal.
Do total previsto, entre 26 milhões e 27,35 milhões de toneladas devem ser de milho primeira safra, em plantio, e 63,73 milhões, de segunda. Os números ainda podem variar sensivelmente, uma vez que a chamada “safrinha” só é plantada após a colheita de soja.
A área plantada com o cereal deve variar de 16,60 milhões a 16,82 milhões de hectares —de 16,63 milhões em 2017/18— sendo de 5,05 milhões a 5,27 milhões de hectares na safra de verão.
Dessa forma, graças ao milho, a Conab prevê uma produção total de grãos e oleaginosas em 2018/19 entre 233,55 milhões e 238,64 milhões de toneladas, versus 227,81 milhões de toneladas no ano anterior. Caso o limite superior das estimativas se concretize, ultrapassaria o volume histórico de cerca de 237 milhões de toneladas visto em 2016/17.
“Se nós tivermos um clima ideal… Nós poderemos ter a maior safra brasileira de grãos”, destacou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em coletiva de imprensa em Brasília.
Segundo o órgão do governo, a área plantada total neste ano deve variar de 61,87 milhões a 63,14 milhões de hectares, contra 61,73 milhões em 2017/18.
Fonte: Reuters