mamonas

COMO PLANTAR MAMONA

Com a disponibilidade de uma agricultura rica e diversificada, produtores brasileiros têm na mamona várias alternativas para exploração. Mesmo em regiões inóspitas, como a do Semiárido nordestino, há culturas viáveis para o abastecimento do promissor mercado de óleos vegetais, base para a fabricação de ampla gama de produtos.

O cultivo da mamoneira (Ricinus communis L.) apresenta bons resultados em diversos locais, inclusive onde a seca ocorre com frequência. Além da boa adaptação em diferentes climas e solos de norte a sul do país, a planta é uma ótima opção para se conseguir a inclusão social de milhares de pequenos agricultores.

A demanda pelo óleo, de alto valor comercial, é maior que a oferta, motivo que tem levado a um aumento das importações. Com grande potencial de uso, o óleo é extraído da mamona para atender à indústria química. A partir do líquido viscoso da planta, são fabricados graxas e lubrificantes, tintas, vernizes, espumas e materiais plásticos.

Derivados do óleo de mamona podem ser encontrados até em alimentos, cosméticos e próteses ósseas. Com abundância de nutrientes, em especial nitrogênio e fósforo, a torta residual da semente é outro produto da oleaginosa recomendado como adubo orgânico para plantios.

Por ser ineficiente o processo de obtenção de óleo em pequena escala, o agricultor destina a produção de mamona para comercialização em sacos de 60 quilos. Em geral, acordos antecipados de preços com o comprador, cujos valores são influenciados pelas condições locais, cotação do dólar e produção mundial, são adotados para assegurar o lucro da safra.

Em períodos de fortes oscilações, contudo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estipula um preço mínimo para garantir a remuneração dos custos da lavoura. O governo federal ainda oferece incentivos fiscais para o plantio de mamoneira, como redução de impostos, linhas de crédito e seguro.

Outrora a maior do mundo, a produção brasileira de mamoneira caiu vertiginosamente na década de 1980. Atualmente, está com sua produtividade estagnada em 300 quilos por hectare, em comparação à média de 2.000 quilos por hectare registrada pelos produtores indianos, que assumiram a liderança do mercado.

Bahia e Ceará são os principais produtores da planta, que tem origem imprecisa entre as regiões da África e Índia. Em consórcio, a mamona também vai bem com feijão,amendoim e algodão.

Raio-X

Solo:  fértil e bem drenado

Clima: temperatura entre 20º C e 35º C

Área mínima: 5 hectares

Colheita: há sementes tradicionais vendidas a R$ 10 por quilo

Mãos à obra

INÍCIO

Não utilize sementes colhidas aleatoriamente em propriedades, pois elas não têm a pureza genética para atingir boa produtividade, nem aquelas de mamoneiras localizadas em terrenos com lixo, aterros e áreas abandonadas. Adquira-as de produtores com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e oriundas de uma cultivar apropriada à região de plantio. Para a colheita mecanizada, indica-se a indeiscente – que não solta as sementes quando o fruto seca – de porte baixo e pouca ramificação lateral.

AMBIENTE

Como não tolera sombreamento, a mamoneira deve ser plantada diretamente sob o sol e em terreno com declividade de, no máximo, 12%. Apesar de ter boa adaptação em diferentes regiões, indicam-se locais com temperaturas médias na faixa de 20 ºC a 35 ºC e chuvas anuais variando de 500 a 1.500 milímetros. Embora produza em regime seco, tem produtividade maior onde há boa disponibilidade de água.

>>> PLANTIO Sensível à encharca-mento, alta salinidade e acidez do solo, a cultura apresenta melhor desenvolvimento em terrenos bem drenados e com pH entre 6 e 7. Coloque três sementes em covas com 5 centímetros de profundidade.

>>> ESPAÇAMENTO Depende da fertilidade do solo, quantidade de chuvas esperadas e a intenção de realizar consórcio com outras culturas. Enquanto em lugares muito secos a distância deve ser maior, para diminuir a concorrência entre plantas, em chuvosos ou irrigados é permitido ser mais próxima. Em solos muito férteis, nos quais a mamoneira tende a crescer mais, não pode ser estreito. Para cultivares de porte médio, pode variar de 2 a 4 metros entre linhas. Em cultivos consorciados, de 3 a 4 metros.

ADUBAÇÃO

Aproveitada pela mamoneira mesmo em terrenos muito secos, não pode ser em excesso. Se a escolha for pelos fertilizantes químicos, deixe a semente a 5 centímetros de distância do adubo, o que não precisa ser levado em conta quando são usados os orgânicos.

CUIDADOS

No máximo uma vez, para evitar a incidência de pragas e doenças, faça poda no fim da colheita. A prática, porém, não é recomendada para cultivares de porte baixo ou anãs, nem em locais onde o solo é pouco fértil, a temperatura é alta e o clima é muito seco. Esses aspectos são favoráveis à ocorrência da podridão dos ramos. De dez a 20 dias após a emergência da planta é quando ocorre o período do desbaste ou raleio, exceto em caso de plantio mecanizado.

PRODUÇÃO

Escassez e custo alto da mão de obra são fatores que têm inviabilizado a atividade de pequenos produtores em todas as regiões do país. Por isso, a recomendação é preparar-se para uma colheita mecanizada, que comparativamente torna-se mais barata ao longo dos plantios. Uma alternativa é contratar um prestador de serviço que também exerça a função para outros agricultores da região. Em seguida, ocorrem a secagem e o descascamento.

*CONSULTOR: Liv Severino, pesquisado da Embrapa Algodão

Fonte: Globo Rural



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