O interesse em obter novas espécies de peixes com melhores características comerciais, facilitando o manejo e tornando o produto mais atraente para o mercado consumidor, tem levado piscicultores, pesquisadores e especialistas a recorrer ao uso de técnicas de manipulação genética. Na combinação variada de genes, diversas alternativas têm surgido, com destaque para o processo de hibridação, que visa produzir animais com mais vigor para ganho de peso, resistência a doenças, tolerância a variações ambientais e uma carne de melhor qualidade.
Resultado do cruzamento induzido entre a fêmea do tambaqui (Colossoma macropomum) e o macho da pirapitinga (Piaractus brachypomus), duas espécies amazônicas, a tambatinga (C. macropomum x P. brachypomus) é um exemplo dessa prática de aprimoramento de peixes para cultivo. Em comparação aos seus progenitores, o híbrido, sobretudo em pisciculturas realizadas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, apresenta ganhos de peso médio bastante superiores.
Das experiências de lida com a tambatinga em açudes, tanques e represas em propriedades rurais pelo país, a atividade já se mostrou rentável, de alta capacidade de retorno do investimento, com despesca atingindo valores acima do custeio do peixe, incluindo ração, redes e mão de obra. Após um ano de cultivo, o produtor chega a receber, em média, R$ 5,50 por quilo da tambatinga. Com uma boa taxa de sobrevivência no manejo de um milheiro em 1.000 metros quadrados de viveiro, projeta-se uma receita bruta de R$ 8.250 com a produção de 1.500 quilos do peixe.
De investimento inicial, estima-se pouco mais de R$ 5 mil para a instalação da criação em locais com viveiro construído. Esse montante é composto pela aquisição de um milheiro a R$ 150, cujo cultivo demandará acima de R$ 4 mil de custos com ração, além de 20% desse valor referente a outros gastos diversos.
Vale ressaltar que é muito importante a adequada contenção da tambatinga em criatórios, evitando ao máximo o escape da espécie para os rios. Como é oriundo de hibridação, o que não ocorre em ambiente natural, não se conhecem os riscos biológicos que o peixe pode causar para a biodiversidade.
De corpo redondo e comprimido, a tambatinga tem, especialmente entre os que apresentam peso acima de 2 quilos, o ventre de coloração levemente amarelada. Possui escamas e coloração clara, sendo as pontas das nadadeiras caudal e anal avermelhadas. Ao ser capturada no anzol, a espécie costuma saltar da água, característica apreciada pelos pescadores esportivos. Por isso, é muito encontrada em locais de pesca recreativa.
Início
Criadores que fornecem alevinos de tambatinga também são fontes importantes de informações sobre o manejo do peixe. Por isso, ao comprar material de estabelecimentos idôneos e com referência, aproveite para obter mais detalhes a respeito de como lidar com o desenvolvimento da tambatinga. Também é recomendado procurar por técnicos de instituições próximas, que possuem serviços na área de aquicultura, para mais orientações.
Ambiente
Descendente de duas espécies amazônicas, a tambatinga gosta de clima quente. Tem boa convivência com outros peixes, inclusive sua criação pode ser consorciada com tilápias, pintados, carpas, lambaris e matrinxãs, contribuindo para a diluição dos custos do cultivo.
Estrutura
Se na propriedade houver lago, açude ou algum espelho d’água, esses recursos diminuem os custos iniciais da atividade. Caso contrário, é necessário escavar tanques na terra para acomodar a criação. Apesar de serem fáceis de implantar, a construção de viveiros exige investimentos e documentação burocrática. Em formato retangular, a capacidade deles deve variar entre 200 e 2.000 metros quadrados, de acordo com o espaço existente no local e o volume de peixes para se desenvolver. É bom contar com renovação de 10% de água por dia.
Cuidados
Não exige muitos. Também não demanda qualquer manejo diferente em relação ao cultivo de espécies tradicionais. A possibilidade de ser criado com outros peixes é outro indicativo de que a criação de tambatinga não demanda cuidados especiais.
Alimentação
Come de tudo, pois é um peixe onívoro. No entanto, a recomendação é fornecer para a tambatinga ração balanceada, que pode ser adquirida em lojas de produtos agropecuários. Na fase inicial de crescimento, ofereça de quatro a cinco vezes por dia ração para onívoros contendo entre 34% e 40% de proteína bruta. A partir de 90 gramas de peso do peixe, mude para opções com 26% a 32% de proteína bruta ao menos duas vezes ao dia. Para cultivos caseiros, com muita atenção para não prejudicar a água, pode-se fornecer como complemento restos culturais de acerola, mandioca, batata, berinjela, entre outros alimentos.
Reprodução
É realizada por meio de indução hormonal, método que é também chamado de hipofisação. O procedimento deve ser feito por profissionais experientes. Como acontece com outros peixes tropicais, o período reprodutivo da tambatinga concentra-se entre os meses de outubro a março.
Fonte: Globo Rural
Fonte: Canal do Produtor
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Redação
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