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COMÉRCIO ENTRE BRASIL E ITÁLIA RECUA MESMO COM DESVALORIZAÇÃO DO REAL

A corrente comercial entre brasileiros e italianos, soma de exportações e importações entre os dois países, perdeu mais de US$ 2 bilhões neste ano. Para especialistas, preocupação com cenário interno afeta os investimentos.
As vendas feitas pelo Brasil para a Itália caíram de US$ 3,4 bilhões para US$ 2,7 bilhões (-21,13%) na comparação entre o período que vai de janeiro a outubro de 2015 e iguais meses de 2014. As compras também diminuíram, baixando de US$ 5,3 bilhões para US$ 4,1 bilhões (-23,22%). Assim, a corrente comercial em dez meses de 2015, que ficou em US$ 6,8 bilhões, é bastante inferior à registrada até outubro do ano passado, quando o resultado chegou a US$ 8,7 bilhões.
"Para o tamanho do Brasil e da Itália, US$ 7 bilhões de corrente comercial é pouco", afirmou Thomaz Zanotto, diretor do departamento de relações internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O especialista ponderou que "devido ao câmbio razoável, o Brasil começa a exportar de novo depois de muitos anos de câmbio apreciado".
A Itália ocupa, hoje, a décima colocação entre os maiores compradores de produtos brasileiros, sendo responsável por menos de 2% do total. Em 2004, os italianos chegaram a figurar na sétima posição entre os principais importadores de produtos made in Brasil.
Em evento realizado ontem na Fiesp, o ministro italiano das relações exteriores, Paolo Gentioni, lembrou que o país europeu "viveu anos difíceis e foi mais afetado pela crise do que outras nações do continente, porém, há seis meses, voltou a ver sinal de crescimento depois de anos de recessão". De acordo com o FMI, o PIB do país europeu deve crescer 0,8% em 2015 e 1,3% no ano que vem.
Gentioni também comentou que "a Itália acredita no Brasil e que a conjuntura econômica brasileira desfavorável não atrapalhará os negócios entre os dois países".
Indústria
A venda de produtos industrializados brasileiros para a Itália caiu quase US$ 100 milhões na comparação entre os dez meses deste ano e igual período de 2014. Foram registradas diminuições nas exportações tanto para produtos semimanufaturados (-7,10%) quanto para mercadorias manufaturadas (-1,46%).
Para Zanotto, essa queda acontece porque "hoje, o industrial brasileiro, especialmente o de pequeno e médio porte, está olhando para dentro do País. Isso porque, se um passo errado for dado pelo empresário, com os juros altos que temos agora, a empresa poderá quebrar".
Sobre o futuro, Zanotto comentou: "aparentemente, o ambiente de negócios na Itália está melhorando, mas nós ainda estamos com muitos problemas internamente. Quando começarmos a arrumar a casa, o que deve acontecer a partir de 2017, as empresas brasileiras vão começar a olhar mais para fora".
Investimento direto
Os aportes italianos no Brasil tiveram leve alta em 2015, chegando a US$ 600 milhões até setembro. Em nove meses do ano passado, o total ficou em US$ 542 milhões.
Ainda assim, a Itália aparece na décima terceira colocação entre os países que mais realizam investimento direto no Brasil. Os italianos ficam atrás de vizinhos europeus de menor expressão econômica, como Suíça, Bélgica e Noruega.
Paulo Skaff, presidente da Fiesp, defendeu que "vivemos um momento mais interessantes para que empresas italianas invistam no Brasil, porque temos uma relação cambial muito interessante". O empresário disse que "há grandes oportunidades na área de concessões e na área de obras, já que empresas que ocupavam espaço muito forte nessa área são afetadas pela Lava Jato". Ele também ressaltou que há espaço para investimentos na "indústria de transformação e no agronegócio".
Sobre o cenário interno, Skaff afirmou que "o problema, hoje, é político, já que os investimentos, o consumo, andam junto com a confiança e a credibilidade". Ele disse também que a melhora econômica "pode levar esse ano e o ano que vem, mas que em 2017 deveremos ter um cenário melhor".
Se os aportes italianos parecem pequenos, os investimentos brasileiros são ainda mais tímidos. Entre janeiro e setembro, apenas US$ 15 milhões foram enviados do Brasil para a Itália. O país europeu aparece na vigésima sétima posição entre os mais procurados por investidores brasileiros.
"Não faz sentido que duas economias da mesma dimensão tenham proporção de investimentos tão diferente", disse Ricardo Monti, presidente da Italian Trade Agency. "Se o Brasil não investir mais no exterior, vai ter problemas para crescer no futuro", concluiu.
Fonte: DCI

Fonte: Canal do Produtor



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