No início de abril/19 houve um movimento forte e contínuo de queda nos preços quando a soja saiu de patamares acima de US$ 9,00/bushel e chegou a se aproximar dos US$ 8,00/bushel , influenciada pela perspectiva de safra cheia e estoques elevados nos EUA, sem a demanda chinesa que tinha sido afetada pela falta de conclusão do acordo comercial entre China e EUA.
A reação veio no final de maio/19 com a confirmação da influência do clima no ritmo do plantio americano e a incerteza sobre o real tamanho da safra, quando os preços em Chicago testaram patamares acima de US$ 9,20 nos contratos mais próximos.
Nas últimas semanas, a perspectiva de que as lavouras de soja poderiam se recuperar com a melhora das condições climáticas promoveu novamente uma pressão negativa nas cotações com retorno a patamares inferiores a US$ 8.90/bushel.
Os momentos de alta nos preços estimulam a participação pontual dos produtores nas vendas. No entanto, nem sempre essa participação acontece com estratégia e planejamento.
De acordo com Vlamir Brandalizze, analista de mercado, a soja da atual safra já foi 70% negociada a preços médios, nos portos , de R$80,00 .
” Se levarmos em conta que nos melhores momentos os preços alcançaram os R$85,00 e na baixa ficou na casa dos R$ 76,00, podemos dizer que o produtor tem ficado na média, mas os resultados poderiam ser muito melhores”.
Segundo Brandalizze, a falta de uma estratégia de comercialização, deixa o produtor exposto no mercado, principalmente na hora que ele precisa fazer caixa e nem sempre esse é o melhor momento para negociar.
” Quando ele percebe , os preços estão no pior patamar e o produtor se vê obrigado a vender para pagar as contas”.
É fato que este ano a comercialização está bem mais complicada em função das variáveis que estão afetando os preços, desde o clima , variação cambial , passando pela dificuldade de entender o quadro de oferta e demanda com a Guerra comercial entre China e EUA.
Comercilização no milho
Já no mercado do milho, o que está apresentado nas cotações brasileiras é um cenário diferente do esperado inicialmente para esta segunda safra. No momento pré plantio e durante os trabalhos de semeadura, a expectativa de alta produção apontava uma tendência de cotações baixas para a venda do cereal.
Essa expectativa de preços baixos motivou inclusive Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) orientar os produtores a buscar aumentar suas vendas antecipadas para tentar conseguir níveis de preços mais atrativos.
Segundo o consultor da INTL FCStone, Étore Baroni, essa tendência de vendas antecipadas para proteger os custos tem crescido entre os produtores de milho.
“A parte Norte do país geralmente vende mais antecipado e a metade Sul um pouco menos, mas esse movimento começa a acontecer cada vez mais. Assim como na soja, o produtor está procurando realizar trocas por insumos para travar uma parte dos custos e não especular com o que não é dele”, diz.
O que mudou o panorama desta safra brasileira foram acontecimentos em outro grande produtor mundial, os Estados Unidos. A safra americana sofreu bastante para conseguir ser implantada, uma vez que fortes chuvas e enchentes nas regiões produtoras do Cinturão do Milho atrasaram os trabalhos e ocasionaram uma diminuição na área plantada e, até o momento, uma queda na qualidade das lavouras conforme os dados divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
“A safra americana vem bastante complicada e isso eleva os preços na Bolsa de Chicago. A não ser que as lavouras dos EUA melhorem muito, o que é improvável, as cotações internacionais devem permanecer altas, o que estimula a paridade de exportação e aumenta os preços nos portos”, explica Baroni.
Para o consultor, como o produtor brasileiro está, cada vez mais, acompanhando as movimentações do mercado e as expectativas para as oscilações dos preços, esses momentos de altas foram bem aproveitados para vendas do cereal.
“O produtor veio aproveitando para fechar as vendas na medida em que os preços foram subindo. Claro que uns aproveitaram mais do que os outros, mas no geral as vendas foram realizadas parcialmente, de acordo com a movimentação do mercado, e o rendimento nesta safra deve ser excelente com os preços ainda permanecendo altos com novas boas oportunidades até o final do ano”, afirma Étore.
De acordo com números levantados pelo analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, até o momento, os produtores brasileiros já negociaram algo entre 40 e 45% do total produzido nesta safrinha de milho. Na análise total, considerando os índices da segunda safra mais os registrados até aqui da safra de verão, a porcentagem já negociada fica próxima aos 60%.
Fonte: Notícias Agrícolas