Redução da área plantada e envelhecimento de lavouras são alguns dos fatores que contribuem para uma projeção de queda de 2,4% na produção de cana-de-açúcar para a safra 2017/18, que começou este mês no Centro-Sul do país. Com a maior concentração da matéria-prima do Brasil, os Estados do Sul, Centro-Oeste e Sudeste devem gerar, juntos, 598 milhões de toneladas até o primeiro quadrimestre do ano que vem, diante de 612,4 milhões no período entre 2016 e 2017, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os números impactam sobretudo a produção de etanol, que deve cair 5,5%, enquanto o açúcar, em alta no cenário internacional e mobilizador de polos industriais, que vivem um momento de estabilidade, com projeção de queda de 0,3%.
A redução da moagem no Centro-Sul é mais acentuada do que a estimativa calculada para todo o país, que inclui Norte e Nordeste, com recuo de 1,5%, e uma moagem total de 647,7 milhões. Um dos principais fatores associados a esse recuo é a menor área de plantio, que caiu 2,8%, de 8,1 milhões de hectares para 7,9 milhões de hectares.
Produtividade
Em contraponto à redução das áreas plantadas, existe uma expectativa de aumento de 0,4% da produtividade das lavouras. A estimativa é de que os canaviais tenham capacidade média de produzir 75,6 mil quilos de cana colhida por hectare, diante de fatores favoráveis em algumas regiões como índice satisfatório de chuvas.
Destaque para elevações de 71,6% e de 64,7% no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, essa produtividade se elevou em 20%. Valores associados à melhoria dos índices de chuvas, depois de um período de escassez.
Açúcar estável
Estado que concentra a maior produção de cana no país, São Paulo começou a safra com uma expectativa de redução tanto na produtividade quanto na área plantada.Por outro lado, espera elevar as margens de lucro, sobretudo graças à demanda internacional pelo açúcar brasileiro, diante do déficit em países produtores como a Índia, e a investimentos em produtividade que elevaram o aproveitamento da cana.
Esses fatores mantêm as condições estáveis para a negociação do produto derivado da cana. O açúcar total recuperado (ATR) subiu de 45,9% para 47,1% entre esta safra e a anterior, gerando uma produção total de 35,4 milhões de toneladas, 0,3% abaixo da registrada no biênio 2016/2017 no Centro-Sul.
Segundo o Centro de Pesquisa em Economia Regional (Ceper/Fundace), de Ribeirão Preto, o cenário também contribui para que o preço do produto, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo, permaneça rentável e sem grandes oscilações, depois de uma trajetória de elevação desde 2015. De R$ 52, a saca de 50 quilos chegou a custar R$ 99,33 em outubro do ano passado e fechou março em R$ 77,64 – queda sazonal atribuída à valorização do real em relação ao dólar.
Etanol em baixa
O maior foco no açúcar e o aumento no consumo da gasolina balizam uma projeção de queda de 5,5% na produção de etanol na safra 2017/18, segundo o relatório da Conab. Nos Estados do Centro-Sul, o volume esperado é de 24,7 bilhões de litros, 1,4 bilhão a menos na comparação com 2016/2017, com uma quantidade de cana dedicada ao combustível 4,4% menor.
Estimada em 10,3 bilhões, a produção de etanol anidro – combustível misturado à gasolina – tem alta projetada de 2,3%, enquanto que o hidratado – utilizado diretamente para abastecer os veículos – deve gerar um volume de 14,3 bilhões, 10,5% a menos em relação a 2016/2017.
Fonte: Portal G1
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