Nesta terça-feira (16) as especulações sobre dois navios carregados com soja dos Estados Unidos se encaminhando para a China se confirmaram. A informação confirma que a nação asiática está, de fato, recorrendo ao produto norte-americano para dar conta de suas necessidades. Na América do Sul, afinal, os estoques estão quase zerados.
As embarcações Star Laura e Golden Empress foram carregadas na semana encerrada em 11 de outubro. O primeiro deixou o Golfo do México com destino ao porto de Qingdao, na China, no final do mês, e o segundo saiu do Noroeste do Pacífico e deve chegar no final de dezembro. As informações partem da agência internacional de notícias Bloomberg.
Este é o período do ano em que, tradicionalmente, a China começa a transferir parte de sua demanda para os Estados Unidos, quando a colheita está em andamento no país e os preços, pressionados pela nova oferta.
O movimento chama mais atenção neste ano em função da guerra comercial estabelecida entre os dois países em meados de maio. Desde então, os chineses têm comprado toda a soja que é possível no Brasil, evitando as ofertas norte-americanas até aqui.
No entanto, os estoques sul-americanos começam a ficar cada vez mais escassos e a nova safra começará a ser colhida somente nos primeiros meses de 2019.
E como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esse já era um movimento esperado. “Aqui quase já não temos soja e os chineses vão ter que comprar nos EUA, mesmo a tarifação”, diz.
Os preços da soja dos EUA mais os impostos de 25% variam de US$ 11,20 a US$ 11,50 por bushel para a China e, segundo o consultor, estes são valores que ainda compensam diante das atuais margens de esmagamento na nação asiática.
“Até uns US$ 12,00 eles conseguem trabalhar; até a última semana, as margens de esmagamento estavam em 10% por lá”.
O produto do Brasil, ao mesmo tempo, considerando o vencimento novembro/18 a US$ 8,84 por bushel em Chicago mais um prêmio de US$ 2,65 estaria valendo US$ 11,49.
O peso de informações como esta para o mercado, porém, ainda é limitado. Esses embarques, afinal, referem-se a volumes de soja já contratados pela China nos EUA e o que mercado precisa agora é de notícias novas que mostrem novos negócios. Como explica Brandalizze, “há muito volume comprado ainda que eles podem cancelar ou exercer e pelo jeito, eles terão que exercer”.
Fonte: UDOP – União dos Produtores de Bioenergia