As abelhas
nativas surgiram quase por acaso na vida de Benedito Antônio Uczai e de sua
esposa, Salete Perin, há 14 anos. Convidados a participar de um curso do
SENAR-PR que seria promovido na cidade, o casal começou na meliponicultura mais
como um passatempo, como uma atividade quase terapêutica. Aos poucos, no
entanto, a produção de mel e própolis foi crescendo e se sofisticando, a ponto
de eles se tornarem um dos principais produtores de Paraná.
Quando
fizeram o curso “Trabalhador na meliponicultura – abelhas indígenas sem
ferrão”, em 2006, o casal mantinha uma pequena indústria de suco, vinho e
geleias artesanais, que funcionava na própria chácara. Com a capacitação
concluída, começaram a cultivar abelhas sem ferrão com uma única colmeia, da
espécie mirim-guaçu. A dedicação à meliponicultura, no entanto, ficava em
segundo plano.
“Era uma
atividade a que a gente se dedicava só aos domingos, para relaxar. Mas nos
apaixonamos pela atividade, principalmente por ser uma produção associada ao
meio ambiente, à saúde e ao bem-estar”, diz Uczai.
Com o passar
do tempo, o casal foi estruturando melhor a sua produção e superando entraves
comuns à atividade. Adotaram caixas mais adequadas para o manejo e que, ao
mesmo tempo, garantiam conforto às abelhas. Paralelamente, os dois conseguiram
abrir mercado, criar alternativa de envase e desenvolver um sistema de
logística de distribuição. Uczai não revela o número de colmeias que mantém
hoje, mas diz que elas se contam às centenas. A produção está centrada em dez
espécies diferentes, todas de abelhas endêmicas – próprias da região.
Há quatro anos,
Uczai, Salete e outras duas famílias fundaram sua própria marca, a Melíponas. A
empresa trabalha de acordo com conceitos diretamente relacionados ao consumo
consciente e sustentável e aposta em produtos que, além do mel e do própolis,
incluem pomadas e protetores labiais naturais. Agora, eles se preparam para uma
nova fase: construir parcerias com outros produtores do Paraná, que também
adotem controle e manejos adequadamente, para construir uma cadeia.
“O curso do
SENAR-PR simplesmente abriu as portas para mim e para a minha esposa. Se
chegamos aqui, com essa escala organizada de trabalho, de manejo, de
beneficiamento e de comércio que temos hoje, quem deu essa esperança inicial
foi o curso do SENAR-PR. A gente percebeu o quão apaixonante é trabalhar com
abelhas nativas”, ressalta o produtor.
Desenvolvimento
Benedito e
Salete não são um caso isolado. Mais de 5,6 mil pessoas em todo o Paraná já
passaram pelo curso de meliponicultura do SENAR-PR, desde que a capacitação
passou a ser oferecida, em 2004. Para Marcos Aparecido Gonçalves, coordenador
da Câmara Técnica de Meliponicultura, do Ministério de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), o SENAR-PR tem sido determinante para fazer com que mais
e mais paranaenses ingressem na atividade.
“Por ter uma
atuação regionalizada, o SENAR-PR está acessível a todas as regiões do Paraná.
A instituição tem papel fundamental de dar esse pontapé inicial, de iniciar os
criadores na atividade e dar essa primeira formação. É um trabalho essencial”,
disse Gonçalves.
O mapeamento dos participantes do curso do SENAR-PR aponta uma concentração maior de meliponicultores nos municípios que fazem parte da regional de Curitiba, onde mais de 2,3 mil pessoas passaram pela capacitação. Em seguida, aparecem a região de Londrina, com 669 participantes, e de Irati, com 452.
Os dados revelam também uma grande concentração de participantes entre produtores rurais (2.708) ou seus familiares (1.755), e espalhados por diversas faixas etárias. Embora os meliponicultores se concentrem em famílias com renda entre um e três salários mínimos, há criadores em todas as camadas socioeconômicas, o que aponta a versatilidade do negócio.
Leia a matéria completa no Boletim Informativo.
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Fonte: Sistema FAEP