Depois de dois anos de frustração, o Matopiba abre neste mês a colheita de uma safra para esquecer. Conturbado do início ao fim, o ciclo 2015/16 é citada pelos produtores do Tocantins como a pior temporada dos últimos cinco anos, conferiu a Expedição Safra em roteiro pela região nos últimos dias. O clima desfavorável preocupou bastante na largada do plantio e o retorno das chuvas em janeiro chegou a inspirar previsões mais otimistas, mas a estiagem voltou com força no mês passado, derrubando qualquer esperança de recuperação.
A combinação de falta de umidade, temperaturas elevadas e radiação solar fez a soja derreter no campo. Do plantio, ao florescimento, ao enchimento de grãos, nenhuma fase do ciclo passou ilesa às intempéries do clima, relata João Batista de Oliveira Neto, presidente do Sindicato Rural de Gurupi, no Sul do estado.
- Ano passado não foi bom, teve lavoura que passou 32 dias sem água. Mas este ano, com 23 dias sem chuva, está muito pior – conta Gustavo Colombo, gerente da Fazenda Guarida, em Peixe, na região de Gurupi.
Após colher 52 sacas por hectare no ano passado, o produtor calcula agora um rendimento de 30 sacas/ha. O índice fica bem abaixo da média histórica da região, de 58 sc/ha.
- Umidade até tinha, o problema maior foi a temperatura – explica o produtor Rodrigo Ferrari, de Guaraí, no Norte do Tocantins.
As dificuldades começaram já no início do ciclo. Vários produtores relataram à Expedição problemas com a qualidade das sementes. Afetados pela seca no ano passado, campos de produção de algumas regiões do país geraram sementes com porcentual de germinação abaixo do permitido na legislação, comprometendo o potencial produtivo de largada da safra. Em alguns casos, testes feitos por produtores ouvidos pela equipe na fazenda acusaram índices abaixo de 60%.
- Teve talhão que, de 15 nasceram só nove plantas. E com diferença de até cinco dias na germinação entre uma planta de outra – descreve Ferrari. Ele havia investido apostando em uma produtividade de 55 sacas por hectare, mas agora calcula que colherá no máximo 35 sacas, se tiver sorte – disse.
Roteiro
Do Tocantins, os técnicos e jornalistas da Expedição Safra segue para Maranhão e, nesta quinta-feira, o Piauí, onde realizam o terceiro de uma série de cinco seminários em comemoração ao aniversário de 10 anos do projeto. Na sequência, os trabalhos avançam pela Bahia, onde a equipe encerra o roteiro do Matopiba.
Fonte: Gazeta do Povo