Mesmo em meio a incidências de granizo durante a safra e o forte calor, que prejudicou algumas folhas, o clima entre os produtores de tabaco da região é de otimismo até o momento. Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), 60% da safra já foi colhida no Vale do Rio Pardo. O gerente técnico Paulo Vicente Ogliari observa, porém, que uma avaliação mais precisa apenas será possível quando a comercialização tiver início, o que pode ocorrer nos próximos dias.
“Provavelmente serão poucos produtores, mas já será possível ter uma noção.”
O forte calor registrado na região, especialmente entre o Natal e o Ano-Novo, queimou as pontas das folhas, conforme observado pelas equipes de campo. Na parte baixa da região, onde cerca de 85% da produção já foi colhida, o prejuízo tende a ser menor. Já na zona alta, onde ainda há 70% do tabaco a colher, os produtores poderão ter perdas maiores.
“O tabaco não estava mais acostumado com tanto sol. Desta vez veio com uma intensidade muito forte, mas ainda é cedo para saber o percentual de prejuízo”, afirma Ogliari.
Em Linha Alta, no interior de Vera Cruz, o problema também foi enfrentado pelo produtor Cleber Petry.
“Vai haver redução de produtividade por causa do granizo, que atingiu cerca de seis folhas por pé. Sem falar que a qualidade pode não ser mais tão boa devido ao calorão.”
Na propriedade, no entanto, onde a principal fonte de renda é a produção de leite, a colheita dos 40 mil pés (5 mil a menos do que na safra anterior) se encerrou na semana passada.
Para os próximos dias, Cleber espera as decisões que serão tomadas quanto ao preço do tabaco.
“Boa expectativa a gente sempre tem, mas normalmente fica aquém do esperado”, afirma. A próxima rodada deve ocorrer nos próximos dias 16 e 17 em Porto Alegre.
Os números
De acordo com a Afubra, 60% da safra já foi colhida no Vale do Rio Pardo. Já a média dos três estados do Sul do Brasil soma 45%. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, por exemplo, apenas 20% do produto foi colhido, como é o caso de Canguçu. A expectativa, contudo, é de que o processo seja finalizado em março.
Quanto à incidência de granizo, na safra passada foram 20.821 lavouras atingidas. Neste ano, houve uma redução: 19.278 propriedades, mas o prejuízo foi maior, segundo Paulo Ogliari, da Afubra. Somente na região foram 3.878 na safra 2018/19 e 3.219 no período anterior. Em relação a sinistros em estufas (incêndio, vendaval, raios e granizo), 99 unidades tiveram esses problemas na região, contra 87 no ciclo passado.
Fonte: Gazeta do Sul