Os dias de sol ajudam na produção de hortaliças no Cinturão Verde de São Paulo. Mas não há motivo para comemorar. O preço pago ao agricultor caiu.
Além de bonitas, as alfaces estão grandes. Algumas chegam a pesar 800 gramas, quase o triplo de uma alface colhida no verão. O inverno atípico trouxe altas temperaturas. Por isso, a produção está saudável e houve poucas perdas. Mas a procura não ajuda os produtores.
- Uma família consumia um pé de alface durante a refeição. Mas o pé colhido dá pras três refeições. Então, esse é um dos fatores do consumo de alface diminuir – diz o agricultor Hiroshi Shintate.
As hortaliças que saem da propriedade, em Biritiba Mirim, vão para a capital em um volume 18% menor em relação ao ano passado. O preço do pé da alface é de R$ 0,25, com redução R$ 0,05 em relação ao mesmo mês de 2014. A variação faz diferença em um cenário de aumento nos custos de produção.
Junto com a queda dos lucros a crise da falta de água em São Paulo é outra grande preocupação dos agricultores. Por isso, continua o esforço no campo para economizar. Os dois reservatórios da propriedade de Shintate são abastecidos por uma mina que o produtor tem autorização do estado para usar. Mas, poucos agricultores estão na mesma situação.
Com cerca de cinco mil agricultores, a região de Mogi das Cruzes, no Cinturão Verde de São Paulo, produz 30% das hortaliças consumidas no estado. Mas, segundo os sindicatos rurais, só 5% dos produtores têm autorização para captar água de rios e lençóis freáticos.
O agricultor Donizete dos Santos tem uma licença provisória para usar a água. Ele acredita que a situação dos preços só vai mudar quando votar a chover.
- Se em dezembro, janeiro e fevereiro forem de bastante chuva, a tendência é subir porque aumenta o consumo e a qualidade baixa bastante. Então, o preço sobe. É por isso que a gente espera – diz.
O volume de água do Sistema Alto Tietê, que abastece mais de cinco milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, está em torno de 13%.
Fonte: Globo Rural