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CIÊNCIA NÃO APOIA OPINIÃO DO IARC SOBRE CARNES VERMELHAS E CÂNCER

Um comitê internacional designado a revisar todas as evidências disponíveis sobre carnes vermelhas e risco de câncer foi dividido em sua opinião se deveria classificar a carne vermelha como causa “provável” de câncer, de acordo com a cientista de nutrição do Beef Checkoff e nutricionista registrada que observou o processo da Agência Internacional para Pesquisas sobre o Câncer (IARC). Após sete dias de deliberações em Lyon, na França, o IARC não conseguiu chegar a um consenso do grupo de 22 especialistas no campo de pesquisas sobre o câncer, algo que a IARC orgulhosamente destaca que eles buscam e tipicamente alcançam. Nesse ano, eles tiveram que optar pelo acordo da “maioria”.
“O câncer é uma doença complexa que até mesmo as melhores e mais brilhantes mentes não entendem completamente”, disse a nutricionista Shalene McNeill, PhD. “Bilhões de dólares foram gastos em estudos em todo o mundo e nenhum único alimento nunca se mostrou como causa ou cura comprovada do câncer. A opinião do comitê da IARC para listar as carnes vermelhas como um provável carcinógeno não muda esse fato. As evidências científicas disponíveis simplesmente não apoiam uma relação causal entre carnes vermelhas e processadas e qualquer tipo de câncer”.
A maioria dos cientistas concorda que não é realista isolar um único alimento como causa do câncer de um padrão dietético complexo, que também sofre influência do estilo de vida e de fatores ambientais.
“Como nutricionista registrada e mãe, meu conselho não mudou. Para melhorar todos os aspectos de sua saúde, consuma uma dieta balanceada, que inclui carnes magras, como carne bovina, mantenha um peso saudável, seja fisicamente ativo e, por favor, não fume”, disse McNeill.
Embora a IARC represente um grupo seleto de opiniões, não representa sempre um consenso da comunidade científica.
Uma grande meta-análise publicada online em maio no Journal of the American College of Nutrition, analisou a relação entre o consumo de carnes vermelhas e o risco de câncer cólon-retal e concluiu que as “carnes vermelhas não parece ser um indicador independente do risco” desse câncer, de acordo com Dominik Alexander, PhD, mestre em ciência em saúde pública, e epidemiologista que conduziu a pesquisa a pedido do Beef Checkoff.
“Há uma constelação de fatores que estão associados com a probabilidade de ter câncer, que incluem idade, genética, características socioeconômicas, obesidade, falta de atividade física, onde você cresceu, consumo de álcool, tabagismo e até mesmo sua profissão”, disse Alexander. “O ponto principal é que a ciência epidemiológica sobre o consumo de carnes vermelhas e o câncer é melhor descrita como associações fracas e uma base de evidências que tem se enfraquecido com o tempo. E, mais importante, como a carne vermelha é consumida no contexto de centenas de outros alimentos e é correlacionada com outros fatores comportamentais, não é válido concluir que a carne vermelha é uma causa independente de câncer”.
De acordo com Alexander, estudos sobre epidemiologia nutricional podem ser altamente propensos a serem tendenciosos, como sobre os hábitos de dieta auto-reportados, os quais podem mudar com o tempo. Por causa disso, as associações reportadas na epidemiologia nutricional podem estar cercadas de incertezas. Por exemplo, a maioria, se não todos os estudos observacionais com carnes vermelhas são limitados por fatores que podem confundir; é o caso de estudos que mostraram que as pessoas que consomem mais carnes vermelhas têm mais chances de fumar, comer menos frutas e vegetais e estar com sobrepeso ou obesos – tudo isso pode confundir a relação entre o consumo de carnes vermelhas e o risco de câncer.
Além disso, mais estudos recentes em grandes coortes estão agora descobrindo que não há associação ou descobertas significativas entre carnes vermelhas e câncer. Por exemplo, um estudo recente de Harvard usando o bem conhecido Estudo da Saúde das Enfermeiras (NHS, da sigla em inglês) e o Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde (HPFS) descobriu que o consumo de carne não processada tinha uma associação inversa com o câncer no cólon distal e uma associação positiva fraca, não estatisticamente significante, com o risco de câncer no cólon proximal.
Além disso, evidências nutricionais padrão ouro, como a Iniciativa de Saúde das Mulheres e o Experimento de Prevenção de Pólipo, dois grandes estudos de intervenção dietética controlados, randomizados e de vários anos, descobriram que uma redução de 20% no consumo de carnes vermelhas não reduziu os riscos de câncer cólon-retal e/ou não teve efeitos na recorrência de adenoma no intestino grosso. Esses estudos foram desconsiderados na revisão da IARC.
“Dadas as fracas associações nos estudos humanos e a falta de evidências em estudos animais, é difícil conciliar a votação do comitê”, disse o toxicologista nutricional, James Coughlin. “De mas de 900 itens que a IARC revisou, incluindo café, luz do sol, trabalho de turno noturno, eles descobriram que somente um ‘provavelmente’ não causa câncer, de acordo com seu sistema de classificação”.
Coughlin é toxicologista com mais de 40 anos de experiência em carnes e câncer, é crítico do processo de revisão da IARC devido à falta de transparência, inclusão ou exclusão seletiva de estudos e ampla interpretação de resultados de estudo que são inconsistentes com as conclusões dos autores do estudo.
“Na minha experiência como observador de um grupo de trabalho da IARC, o processo tipicamente envolve cientistas que publicaram anteriormente pesquisas sobre a substância que está sendo revisada e podem ter um grande interesse em defender sua própria pesquisa”, disse Coughlin. “No caso das carnes vermelhas e processadas, as evidências científicas gerais simplesmente não apoiam essa conclusão”.
Fonte: BeefPoint

Fonte: Canal do Produtor



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