Em Mato Grosso, o estado que mais produz soja no país, o otimismo com a safra divide espaço com a preocupação. No estado, a má distribuição das chuvas prejudicou muitas lavouras. Quem já começou a colheita está retirando do campo uma quantidade menor de grãos.
- Está em torno de 35 sacos por hectare e o esperado para esta área, para este solo, era de 55, 60 sacos – fala o agrônomo Cid Reis.
Cid Reis também é coordenador regional de um grupo que plantou 265 mil hectares de soja. Ele explica que a queda de rendimento foi provocada por mudanças no regime de chuva. Faltou água nas épocas de plantio e formação das plantas.
Em Campo verde o grupo plantou ao todo 35 mil hectares de soja e uma área foi considerada a pior. Ela foi semeada na segunda quinzena de setembro e logo no início do desenvolvimento da planta acabou enfrentando cerca de 30 dias de seca. O resultado: há muitas falhas nas linhas de plantio, e as plantas que nasceram atingiram cerca de dois palmos de altura apenas, metade do porte esperado. A produtividade ficou bem abaixo do previsto. No ano passado eles colheram 55 sacas por hectare, desta vez em torno de dez.
Até agora, o grupo colheu 15% das lavouras que plantou na região e a prova de que a irregularidade das chuvas marcou a safra aparece em áreas onde as máquinas estão colhendo 60 sacas por hectare. No local, choveu na hora certa.
Quase metade das lavouras (43%) deve produzir abaixo da média do estado. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na safra anterior eram quase 52 sacas por hectare, agora, a previsão é de 50,7. Uma queda de 2,5%. As regiões Nordeste e médio-Norte foram as mais atingidas pela seca.
Outra preocupação é com os contratos de venda da soja já que muitos agricultores negociaram com antecedência boa parte da produção e não sabem quanto vão colher.
– Temos vários contratos com as multinacionais. O produtor mato-grossense tem esse histórico de tradição, de fixar seus custos de produção. Essa preocupação do produtor, de garantir seu custo, fez com que os produtores historicamente vendessem 70%, 60% antecipado da sua produção. Então ele precisa dessa produção – explica Endrigo Dalcin, presidente da APROSOJA-MT.
A torcida agora é para que não falte água nas lavouras que ainda estão verdes e cruzando os dedos para que chuva que voltou a cair, não atrapalhe a colheita e atrase o plantio do algodão e do milho safrinha que sucedem a soja.
Os agricultores de Mato Grosso plantaram mais de nove milhões de hectares de soja nesta safra. A previsão inicial era colher 29 milhões de toneladas do grão.
Fonte: Programa Globo Rural