A colheita de milho da safra 2019/20 começou na região gaúcha de Santa Rosa, o que a torna uma das primeiras áreas do país a ter o cereal colhido em um momento de preços elevados devido à forte demanda para exportação e da indústria de ração animal.
Segundo a Emater, órgão de assistência técnica do governo do Rio Grande do Sul, a colheita atingiu 1% da área plantada na região de Santa Rosa, no noroeste do Estado.
O total colhido, contudo, é tão pequeno que não foi suficiente para retirar o zero do índice médio de colheita de milho no Rio Grande do Sul. No Estado, 4% dos campos estão em estágio de maturação e portanto mais próximos de serem colhidos.
“O Rio Grande do Sul, em algumas partes, começa o plantio antes. E é onde começa a colher primeiro no Brasil… mas deve ser algo bem pontual mesmo”, disse o analista Adriano Gomes, da AgRural.
A produção de milho do Rio Grande do Sul deverá atingir cerca de 6 milhões de toneladas, aumento de 3,6% ante a safra passada, segundo pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projeta colheita total de 98,4 milhões para o país.
O Rio Grande do Sul, por questões climáticas, não faz uma segunda safra do cereal, que representa, no Brasil, a maior parte da produção de milho.
Ainda, 35% da safra de milho do Rio Grande do Sul está em enchimento de grãos, e o restante em fases anteriores, como floração (22%), germinação e desenvolvimento vegetativo (39%), segundo boletim da Emater, divulgado no fim do dia de quinta-feira.
O analista da AgRural citou que a primeira quinzena de dezembro “está bem seca” no Estado gaúcho, momento em que a maioria das lavouras de milho está enchendo grãos.
“Isso acaba trazendo preocupações para os produtores. Como esses dias mais secos ocorreram em fase crítica para o milho, pode ser que tenha alguma perda de potencial produtivo em algumas lavouras. O milho é muito sensível, principalmente na fase de polinização”, comentou.
Embora já esteja colhendo, alguns produtores no Rio Grande do Sul ainda estão plantando o milho. Até o momento, o plantio no Estado chegou a 90% da área esperada de 777,4 mil hectares, ante 93% registrados no mesmo período do ano passado e 95% da média histórica para o período.
Segundo o analista, o grosso da colheita gaúcha deve ocorrer mesmo em janeiro, o que pode ajudar a aliviar um aperto da oferta, visto que os Estados do Sul são grandes consumidores e considerando que a expectativa é de uma primeira safra mais tardia no Brasil, após as chuvas atrasarem o plantio.
“Na região Sul, o mercado interno demanda bem o milho verão”, disse ele, lembrando que os “preços estão nas alturas”.
Segundo o indicador da Esalq/USP, o preço do milho subiu mais de 30% desde o início de setembro, para cerca de 48 reais/saca na região de Campinas (SP).
Após exportações recordes acima de 40 milhões de toneladas de milho no acumulado do ano enxugarem a oferta, a JBS já disse que negocia compras do cereal no exterior, devido ao preço alto da matéria-prima da ração para aves e suínos no Brasil, conforme informou nesta semana.
SOJA
Já o plantio de soja na semana alcançou 90% do total da área projetada no Rio Grande do Sul, de cerca de 6 milhões de hectares, ante 91% da área semeada no mesmo período do ano passado.
O Estado é um dos que planta mais tarde a soja no país, assim como a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Outros Estados, como o Mato Grosso e Paraná, já finalizaram os trabalhos.
Segundo o analista da AgRural, as chuvas recentes ajudaram as lavouras de soja, que atrasaram este ano pelo tempo mais seco do que em 2018. “A soja deu uma boa alinhada, principalmente em Mato Grosso vem chovendo bem, tem previsões de chuvas e a expectativa é de safra boa”, disse ele, destacando que as precipitações se normalizaram na maioria das regiões produtoras.
Mas, por causa do atraso, a colheita será “muito pontual na virada do ano em Mato Grosso”, ficando mesmo para começar efetivamente em janeiro, disse Gomes.
Na temporada passada, houve maior volume colhido já em dezembro em Mato Grosso e Paraná —mas este último terá soja da safra nova somente na virada de janeiro para fevereiro, disse o analista.
Fonte: Reuters